O antigo Jardim Botânico do bairro da Luz, na capital paulista, foi transformado em parque no final do séc. XIX. Além de oferecer ao visitante um espaço de área verde muito agradável e bem cuidado, permite descobrir a cada contorno do jardim excelentes obras de arte modernas e contemporâneas.
Os modernistas estão representados nas obras de Victor Brecheret e Lasar Segall. De Brecheret tem-se "Carregadora de Perfume" (1923/24). Escultura em bronze de figura feminina ereta, o braço esquerdo dobrado sobre o ventre sustenta o braço direito, que erguido, sustenta o frasco de perfume apoiado sobre o ombro; o rosto volta-se para a esquerda. Obra de linhas suaves, tem influência de Maillol.
De Lasar Segall são "Três Jovens" (1939): um grupo de moças unidas num só bloco, com igual influência dos modernistas de Paris.
De Lasar Segall são "Três Jovens" (1939): um grupo de moças unidas num só bloco, com igual influência dos modernistas de Paris.
De inspiração mais contemporânea destaca-se "Fita" de Franz Weissmann (1985): escultura em aço pintado, que reproduz a imagem de uma fita vermelha dobrada sobre si mesma, em escala de grandes dimensões.
"Espaço-vibração" (2000) de Yutaka Toyota é uma lâmina de aço e concreto, retorcida e enrolada. As duas obras dialogam entre si, uma com linhas retas e a outra com curvas sinuosas.
Já a escultura em mármore "Encontro e Desencontro" (2002) de Arcangelo Ianelli propõe na mesma obra um diálogo poético de formas sensuais, estabelecido entre as linhas retas e as linhas curvas opostas.
"Pincelada Tridimensional" (2000) de Marcello Nitsche projeta no espaço aquela mancha casual de forma imprecisa que às vezes ocorre na prática do fazer da obra, capturada pelo olhar sensível do artista. É uma estrutura de ferro, perfurada, e pintada em dégradée azul claro e índigo.
Nuno Ramos propõe uma reflexão sobre o meio ambiente com a escultura "Craca" (1995). Trata-se de uma estrutura em alumínio que se eleva do chão como uma onda em fluxo de projeção. No interior estão fixados em tamanho natural detritos do leito de um rio, talvez mar cheio de impurezas, estrela-do-mar, conchas, entulhos, pedras, ossos, caranguejos e pássaros mortos.
Lygia Reinach em "Colar" (2000) enriquece com sua obra a natureza deslumbrante do parque: construiu um colar de imensas contas cerâmicas, cujas superfícies possuem ranhuras diferentes, tracejados gráficos, signos e símbolos enigmáticos; o colar pende das árvores sobre o tapete verde da grama do jardim.
"Sem Título" (2001) de Macaparana dialoga com o espaço, a paisagem do entorno. Trata-se de uma estrutura em aço pintado na forma da moldura de uma grande janela aberta, por onde pode-se apreciar um requintado panorama.
O parque ainda possui outras obras significativas.
Tudo isso bem guardado pelo braço heroico de Giuseppe Garibaldi, cujo olhar estende-se do alto do busto erguido em sua homenagem.
E se a pessoa quiser alongar o passeio, pode aproveitar para almoçar ou tomar café no restaurante da Pinacoteca de São Paulo, conhecer o Museu da Língua Portuguesa em frente, ou andar até a Museu de Arte Sacra. Tudo bem conservado, com guias bem treinados, o que coloca o Estado de São Paulo entre os que melhor preservam o patrimônio cultural do Brasil. Parabéns. Vale a pena conhecer.