sábado, 1 de dezembro de 2012

Bom, bonito e barato

          A instituição ( grupo, escola, orfanato...) que permite aos seus assistidos  trabalharem com arte na infância e na adolescência pode preparar-se de modo simples e eficaz: reserve um sala ou espaço coberto junto a um tanque ou banheiros; compre 4 mesas grandes ou reúna mesas pequenas no centro da sala, e cubra com plástico grosso; estantes ou armários para guardar os trabalhos; compre todo o material necessário, e reponha sempre que precisar; as turmas podem usar o mesmo material, mas é necessário estabelecer um dia na semana para cada turma (não mais  de 20 alunos); um professor deve ficar responsável pelas atividades, e cuidar para que os alunos criem bons hábitos de manterem a sala limpa após cada atividade, lavando e enxugando os pincéis. É conveniente pedir  às  crianças que usem roupas velhas, para que não ocorra de estragarem as novas. O uso do avental pode inibir os movimentos das crianças.
          Material necessário:
1- Cola plástica branca, tesouras.
2- Lápis , borracha, lápis cêra.
3-Revistas usadas e jornais.
4-Pincéis pêlo de marta de diferentes tamanhos
5-Papéis de gramatura variada: papel glacê, papel couchê branco, papel manteiga, papel 40 kg, papel sulfite(ofício), papel canson, cartolinas de cores variadas, papel camurça de cores variadas, papel reciclado, papel celofane, papel pardo e papelão que pode aproveitado de caixas de papelão descartadas.
5- Varetas de churrasco
6-Sucata de copos de iogurte para colocar as tintas em porções individuais
7-Sucata de todo tipo de material: caixas de remédios, embalagens, conchas, missangas, barbante, lã, cascalho, serragem, bijouteiras, miudezas em geral, galhos ressequidos, etc.
8- Panos velhos e potes de água para limpeza
9-Tinta ecoline ou faça tinta de anilina assim:
Em latas de leite em pó vazias, misture a mesma quantidade de água e alcool, acrescente o pó da anilina.
10-Tinta guache ou faça tinta plástica assim:
Divida uma lata grande de tinta Suvinil em latas de leite vazias menores; acrescente a mesma quantidade de cola plástica branca ; para cada lata misturar corante xadrez líquido ou em pó em  cores diferentes.
11- Tinta para tecidos , se estiver de acordo com o projeto desenvolvido.
12- Canetinhas hidrocor.
          Faça pastas de cartolina para guardar os trabalhos; assim os alunos vão monitorando  o próprio progresso.
          Carvão, giz pastel e  aquarela também são apropriados para trabalhar com crianças, mas costumam ser mais caros; a tinta a óleo não é apropriada pela dificuldade de ser removida.
          Ótimas atividades são: a modelagem em cerâmica e o mosaico, mas precisam material específico, espaço adequado e forno próprio.
          O uso adequado dos papéis:
  • papel glacê: por sua textura acetinada serve para recorte e colagem, dobraduras, faixas de contorno para painéis.
  • papel couchê branco: por sua textura acetinada e por ser grosso, serve para  contruir relevos de figuras recortadas e abauladas com tesoura; bom para desenho a nanquim.
  • papel manteiga: para tirar riscos, para repetir o mesmo motivo em diferentes posições, para efeito de transparência, para relevo amassado.
  • papel 40 kg: ideal para pintura a guache ou tinta plástica; o papel pode ser dividido em diferentes formatos ( quadrados, retângulos, trapézios, cículos, ovais) e diferentes tamanhos, porque isso multiplica as possibilidades da criança fazer diferentes organizações de estrutura de de desenho.
  • papel ofício: serve para rascunho e para armazenar idéias de desenhos para uso posterior.
  • papel canson: por absorver bem a tinta, serve para ecoline, guache, anilina, aquarela.
  • cartolina: o mesmo uso do´papel 40 kg e para pastas pessoais de trabalhos dos alunos, para cartazes.
  • papel camurça: por sua textura aveludada, serve para ilustrações, para forrar caixas, para dar destaque a figuras especiais.
  • papel reciclado: o mesmo uso do papel 40 kg, e para recorte e colagem.
  • papel celofane: por sua transparência serve para fazer vitrais em conjunto com a cartolina preta, serve para monóculos de observação, relevos amassados e colados, para teatro de sombras.
  • papel pardo: serve para cobrir  as mesas quando fizer arte efêmera com miudezas e grãos ( não use cola).
  • papelão aproveitado de caixas: serve para pintura, para fazer um gráfico de escala com as tonalidades das cores, para maquetes, para divisão espacial em instalações.
  • papéis dourado e prateado servem  para fazer acessórios como coroa, cetro, espada, cauda de sereia, etc. em teatrinho.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fotografia

          Algumas pessoas têm dificuldade em distinguir a fotografia comum da fotografia obra de arte. De fato, não é tão simples de fazê-lo.
          No  princípio a fotografia visava coroar com êxito a busca que os artistas empreendiam há 4 séculos da imitação da natureza. 
          Com o tempo, o domínio da técnica fotográfica e os recursos disponíveis criaram condições aos fotógrafos de realizarem fotos de grande beleza e poesia. Um pôr-de-sol peculiar, uma montanha coberta de neve resplandescente,  uma floresta com neblina  produzem muita emoção,  e podem ser  considerados "sublimes".
          Se de  repente, as nuvens baixas deixam o Cristo  Redentor pairando solene sobre elas...

         Uma pomba pousa sobre a cabeça de um monge budista...uma garça pousa sobre uma pedra exatamente na direção da flecha que pretende arremessar a escultura de bronze do pequeno índio...

         As sombras desenham formas inusitadas na parede... são ocasiões inesperadas que o observador  experiente aproveita para tirar boas fotos , com os recursos técnicos adequados. Nesses casos as fotos tornam-se obras de arte.
          Já o retrato requer especial sensibilidade quanto ao alvo, isto é, o fotógrafo precisa captar exatamente e com naturalidade a essência de quem aquela pessoa é, sua "aura" particular ( um escritor, uma atriz, um cientista, etc.). A foto é de natureza icônica ( tem semelhança com o retratado), e a arte é de natureza da ilusão, brinca com a fantasia. Quer dizer que um retrato passa a ser uma obra de arte quando faz o espectador sonhar. Félix Nadar foi o melhor retratista de Paris no início do séc. XX.

          No Brasil, na mesma época, Marc Ferrez fez retratos étnicos tão bons que eram vendidos a turistas como "exóticos", fotografias panorâmicas de alta qualidade técnica, além dos novos edifícios da Avenida Central.
          Recursos diversos podem ser empregados para fotos artísticas: retratar uma bailarina com luz baixa, imagem ligeiramente desfocada e atitude solene pode gerar imagem de expressiva   beleza; e o mesmo recurso de fluidez pode ser usado  para fotografar lingerie, com o fim de gerar delicadeza na imagem; mas  o resultado  não será uma obra de arte, será uma  boa foto de moda. A diferença é a criatividade, a imaginação, a poesia.
         .Ainda no âmbito da beleza, pode-se encontrar  um fotógrafo que, inspirando-se numa pintura famosa, resolva recriar os personagens retratados em atmosfera similar, usando pessoas semelhantes às da pintura,  e aí teremos uma obra de arte ( porque usou a criatividade) se o resultado for bom.Ex: pintura "Almoço na relva" de Edouard Manet (1863).
          O fotógrafo que produz a si mesmo ou a outros em ambientes peculiares, roupas, acessórios, maquilagem, luz indireta e  estranhos adereços ( tatoo, punk, fantasias inusitadas) pode realizar boas obras de arte, mas então encontra-se na estética contemporânea, que imerge nas ambiguidades poéticas. Igualmente quem fotografa uma mulher como homem e vice-versa; e  produções de body-art que se mesclam ao ambiente, paredes e  muros.
          Um artista plástico que emprega pessoas, recursos técnicos, objetos ocasionais para produzir arte efêmera e land art, pode utlizar a fotografia como registro de seu trabalho, e então suas fotos fazem parte da obra.
          De acordo com o pensamento contemporâneo, que considera a beleza da arte independente da beleza do modelo, encontra-se a poética de âmbito  social, que pode ter como alvo operários sujos de petróleo, pobres abandonados nas grandes cidades,camponeses, loucos e idosos. São fotos que conduzem à reflexão, e quando bem produzidas demonstram grande  sensibilidade ( Sebastião Salgado).
          Alfred Stieglitz foi o fotógrafo que mais lutou ( em 1905) para que a fotografia fosse reconhecida como obra de arte.
           Atualmente a  fotografia tem sido considerada a arte da confusão ( no bom sentido - mistura heterogênea). Com a ajuda do photoshop, elementos podem ser retirados ou introduzidos nas imagens com finalidades diversas. Isso é invenção, renovação da imagem,  criatividade, mas às vezes induz   a erros de apreciação e manipulação das massas, com resultados imprevisíveis.
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          Por tudo isso os pais precisam estar atentos às imagens que circulam na mídia, conversar com os filhos, tentar compreender juntos as mensagens  visuais recebidas,   a fim de reduzir o impacto que possam exercer sobre eles.
         O uso da máquina fotográfica pelas crianças é muito bom, e quanto mais cedo aprenderem a lidar, melhor.O filme La Camara Oscura de Maria Vitoria Menis mostra com muita poesia como funciona a projeção da imagem invertida na câmara fotográfica.


PS: o programa Caçadores da Alma da TV Brasil do dia 5/12/2012 abordou  o tema com propriedade. Muito bom.

sábado, 24 de novembro de 2012

Pintor da terra, pintor do céu.

          É preciso um olhar atento para descobrir num modesto santuário de subúrbio (N.S. da Conceição do Engenho Novo) um conjunto das melhores obras de arte do estado do Rio de Janeiro.
          São dez pinturas a óleo de autoria do pintor Mário Mendonça, a conhecida Via Sacra da Fraternidade ( 1967-1970), que têm como tema a paixão de Cristo, e  foi assim chamada porque aborda questões como a solidariedade entre os povos, a caridade, e protesta contra a guerra-fria, o racismo e a ganância, a atuação do clero, e  reafirma o papel de Cristo como Salvador.
          De representação figurativa e geométrica, com tendência à abstração, a via sacra possui cores de tons ocres, marrons, alaranjados, amarelos, vermelhos matizados com púrpura, que contrastam com verdes e azuis profundos, e o branco como mediador. Fazem uma belíssima combinação cálida e solene.
www.mariomendonca.com.br

          Delicada homenagem de um Mestre a outro:
ANTES
SERRAS               SOMBRAS                 REFLEXOS
JESUS                                TIRADENTES
MARIO FÉ                        PAZ                           HARMONIA
SOLENE                               GRAVE                      VOA
AGORA
SERRAS           CAMPOS                         JESUS                   ALEGRIA
NOUVELLE                           FAUVE                    GENTIL           
MARIO FÈ                         VOA
VEIO
LUZ                            COR
INVENTIONE                      ASCENDE

Poema de Aluísio Carvão dedicado a  Mario Mendonça (1997).
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          As crianças podem apreciar suas ilustrações no livro Dom Quixote Para Crianças  ( uma história de Miguel de Cervantes Saavedra, com adaptação de Arnaldo Niskier, 2007).


Sugestões para atividades artísticas:
  • pesquisar sobre fraternidade, união, solidariedade, liberdade, justiça, Dom Quixote.
  • pintura a guache.
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       Em 2002 escrevi a monografia "Assim na Terra como no Céu: o universo Político / Simbólico de Mario Mendonça na Via Sacra da Fraternidade", monografia do curso de Especialização em Teoria da Arte, que pode ser consultada na Biblioteca da UERJ
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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Criatividade

          A criatividade dos adultos pode ser exercida em três níveis:
          No estado desperto, em que a pessoa "sonha acordado", reúne elementos díspares para organizar uma idéia criativa. Todos têm essa capacidade, do mais sofisticado engenheiro ao simples ajudante de pedreiro. Todos podem encontrar soluções originais para seus problemas, desde que permaneçam com a mente em estado receptivo, as idéias virão da pluraridade de canais sutis que sustentam a própria vida a que a humanidade está ligada.
          Porém, como se trata de uma elaboração mental, a criatividade neste nível não tem ética. Um ladrão pode exercê-la tão bem quanto uma freira casta; não tem lugar, e até mesmo dentro de um trem lotado alguém pode estar engendrando um plano político criativo que venha a mudar a face de um país.
          Já o estado "execução" diferencia-se quando exercido em grupo ou individualmente.
          O grupo é um corpo cambiante que trabalha com idéias diferentes e que tenta harmonizá-las e conduzí-las à prática. O processo requer avanços contínuos em compreensão e sabedoria; quanto mais flexível o grupo,  aproveita melhor as boas soluções e maior chance tem de êxito. É o caso de grupos teatrais, cinema, agências de propaganda, etc.
          Mas o artista que trabalha sozinho conta apenas com sua bagagem física e psíquica, emprega corpo e mente numa só direção. Tem uma luta solitária para dominar os processos de execução, do projeto ao resultado, passando pelo inesperado. O fator cultural também interfere, porque um desenhista habituado a trabalhar nos moldes clássicos ocidentais ( perspectiva, anatomia, observação direta da natureza) pode levar algum tempo para estabelecer relações harmoniosas numa nova experiência estética - caso  Paul Cézanne e o Monte  sainte Victoire. Cada desenhista tem  seu limite, e precisa trabalhar duro se quiser modificá-lo.


          Neste nível a criatividade tem ética, que se revela na consciência da pessoa lúcida.Todos podem calcular as consequências boas ou más de suas ações.. Enganar-se nesse caso pode ser extremamente prejudicial para si e para os outros. - caso de artistas que se arrependem de certos papéis e de filmes que induzem a revoltas e crimes.
          No estado onírico a criatividade exerce-se livremente, e a pessoa tem todo tipo de experiências sem inibições.  " Só no reino dos sonhos o artista encontrou plena liberdade de criar " diz E. H. Gombrich. No caso de ter algum problema físico, ele pode projetar-se de forma simbólica nos sonhos. E se a pessoa está bem de saúde física e mental ( equilibrada e harmoniosa) pode ter experiências de altíssimo nível de criatividade ( áreas sutis), que superam em muito - em beleza e profundidade-  as realizações dos níveis anteriores.
          As crianças transitam sem distinção pelos três níveis: ( pensar / viver / sonhar) é uma única experiência que se desdobra continuamente. Suas criações são registros desse estado singular, por isso devem ser preservadas na íntegra, e protegidas de influências negativas que o convívio em sociedade eventualmente possa trazer.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Visita ao museu do Oratório

          Quem passeia pelas ladeiras íngremes e ruas estreitas de Ouro Preto (MG) pode observar toda a riqueza que outrora ostentou a antiga Vila Rica: os chafarizes, as igrejas, o casario com sacadas de gradis trabalhados em desenhos primorosos que são o orgulho daquela cidade.
          Mas visitar o Museu do Oratório, situado no adro da Igreja do Carmo é algo especial porque nele vê-se que cada oratório tem uma origem, destinação e artesania diferentes um do outro.

          Os oratórios eruditos , muito elaborados em sua ornamentação, recriam em madeira as curvas reversas dos pórticos em pedra-sabão das igrejas rococós e barrocas da cidade.
         E as imagens em madeira evidenciam a técnica apurada que utilizavam os mestres santeiros nos séculos XVIII e XIX: corte da madeira na lua minguante, entalhe, infusão em ervas para refinar as resinas, secagem, cobertura de gesso e argila, pintura sobre o douramento e raspagem para definição dos motivos ornamentais (  tudo no seu tempo certo...).
          Os oratórios-concha reúnem sob redomas um rendilhado de tecidos em forma de flores e miudezas entremeados de motivos do mar de grande delicadeza.
          As ermidas e oratórios de salão impressionam pelo porte de armários com talha requintada e cobertos de pinturas de  motivos religiosos; entre esses um oratório com pintura atribuída ao Mestre Ataíde.
          Oratórios de quarto  ( que serviam de capelas em propriedades rurais longe das vilas) para ofícios católicos; oratórios afro-brasileiros elaborados com elementos simbólicos que uniam a religião católica e as religiões oriundas da Àfrica apresentam singular expressão de reconstituição cultural.
          Muito interessantes os oratórios de viagem: os  pequeninos oratórios de algibeira ( que iam no bolso), muito práticos para quem andava a cavalo e mula; oratórios de esmoler que iam pendurados no pescoço dos padres mendicantes; e o oratório de arca que encerra todo o aparato da missa(cálice, patena, etc) e quando aberto se transforma em capela itinerante.
          Testemunha ímpar da criatividade do povo brasileiro, nas palavras de Angela Gutierrez:
" (...)mais que a exposição dos objetos de fé, temos uma mostra de caráter antropológico e afetivo, com cenas típicas onde o uso do oratório reflete o imaginário brasileiro".






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          Sugestões para atividades artísticas  para crianças:
  • pesquisar a iconografia dos santos católicos
  • pesquisar desenhos de pórticos
  • reunir todo tipo de objetos pequenos, conchas , flores, sucata, tecidos, papéis coloridos, e construir  caixas- surpresas.
  • garrafas pet para redomas

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Visita ao conjunto arquitetônico do Largo da Carioca

          Vale a pena subir a escadaria do Convento de Santo Antônio (1608-1620) no Largo da Carioca do Rio de Janeiro. Dali pode-se observar a paisagem que se transforma constantemente com o desenvolvimento da cidade desde a sua fundação, mas ainda pode-se ver o Pão de Açúcar. O artista francês Nicolas Taunay pintou-a em 1816.
          O convento de Santo Antonio testemunha a história do Rio de Janeiro desde quando os monges defenderam a cidade das invasões francesas.



          Na fachada, num nicho, encontra-se a imagem de Santo Antonio de fora, que está ligada às tradições do folclore português, e que recebeu aqui soldo militar pago ao convento  até 1911.
          No interior da pequena igreja, as pinturas do teto são cenas da vida de Santo Antonio; e a capela-mor resplandece  com talhas ( em madeira) douradas, relevos florais e colunas torsas.
          Os bustos dos Dezoito Mátires, frades franciscanos matirizados no Japão no séc. XVII, pintados na entrada, mostram a missão internacional da Ordem. A igreja possui também a  estátua de Bom Jesus da Cana Verde trazida de Portugal no séc. XVII.
          Na sacristia, os arcazes esculpidos em jacarandá são obra do marceneiro português Manuel Alves Setúbal ( 1745); a mesa onde foi redigido o manifesto do "Fico"; azulejos portuguêses ( que vinham como lastro de navio)  descrevem  o milagre da cura de um cego por Santo Antônio.
          O Museu de Arte Sacra ( que também integra o conjunto)  possui interessantes imagens de roca que eram levadas em procissões pela cidade.

          A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (1657-1747), ao lado, possui delicadas talhas com douração requintada cobrindo as paredes laterais e que são obra do português Manoel de Brito.
          O Cristo Alado ( "seráfico" pois possui 3 pares de asas) que abre os braços para receber São Francisco é excelente obra do escultor português Francisco Xavier de Brito ( 1735).

          O  piso de  de mármore com curvas pronunciadas em cores preto, bege e laranja revela  outra vez a ênfase distinta do barroco.
          Mas o mais impressionante é a pintura do teto da nave, Apoteose de São Francisco, pintada entre 1734- 1736, e que é considerada a primeira pintura em perspectiva ilusionista feita no Brasil; é obra do artista português Caetano da Costa Coelho. São Francisco está representado no céu ( vista frontal), entre nuvens e anjos, enquanto embaixo, numa bancada de construção ilusória, eclesiásticos estudam a Bíblia em orações.






         
          Sugestões para atividades artísticas relacionadas:
  • Trabalhar o movimento acentuado ( curvas reversas e inversas, ovais) em colagens.
  • Produzir relevos em papel machê e cobrir com folhas de papel dourado ( inspirados no barroco brasileiro).
  • Padrões de azulejos figurativos e abstratos.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Visita ao Museu Castro Maya

          Quem vai ao bairro de Santa Tereza no Rio de Janeiro não pode perder a oportunidade de visitar a Chácara do Céu. Além de uma ampla vista que se descortina sobre o centro da cidade, o museu possui um acervo rico em obras do Extremo- Oriente.

          Vasos de cerâmica, serviços de jantar em porcelana da China de extrema delicadeza e com uma policromia de flores, frutos, personagens, formas funcionais e brasões. É a arte decorativa de um povo , que sem ter o respaldo intelectual das cortes, testemunha uma alma cultivada, na busca de harmonia e equilíbrio do Agir Total, sabedoria milenar da filosofia chinesa.
          Biombos chineses e japoneses (de madeira e laca, com pinturas sobre papel ou tecido e ouro) com belíssimas paisagens de seus países nos séculos XVII e XVIII.
          Uma coleção de xilogravuras japonesas de Hiroshige de paisagens tratadas com inteira liberdade de composição.
          A escultura em mármore de cabeça de Kanon ( o Buda da Compaixão) da China dos séculos XII-XIII representada de olhos semi-abertos para ver os sofrimentos dos homens e saná-los; o   torso do Buda Muchalinda  ( rei das Serpentes Nâga) do Khmer dos séculos XII-XIII de olhos fechados mostra introspecção, alma em meditação voltada para Deus --- são preciosidades da Coleção Castro Maya.
          Além de pinturas impressionistas francesas do século XIX, o museu possui rico acervo de aquarelas de Jean Baptiste Debret, o pintor francês que esteve no Brasil servindo à corte portuguesa no século XIX. Ele retratou a vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro (corte, escravos, viajantes, comerciantes, clero, etc) como reporter de um tempo em que não existia a máquina fotográfica.

          Imperdível para turistas, pais e professores que desejem dar oportunidade a seus alunos de conhecerem arte da melhor  qualidade, incentivar pesquisas sobre os artistas e suas  técnicas , além da própria arquitetura do lugar.
          "(...) para o pensamento chinês, o DAO é a lei das mutações entre o Yin e o Yang, e toda arte(...) consiste em suscitar o movimento criador, pela oposição dos contrários (...)
          Nicole Vandier- Nicolas
          "Art et Sagesse en Chine- Mi Fou"

Sugestões de atividades em classe de educação artística ( pesquisa e atividade prática):
  • Trabalhar formas inversas, semelhantes e opostas, preto e branco, cores complementares em desenhos e pinturas.
  • Xilogravura
  • Pequenos biombos com varetas
  • Aquarela: pintar a Moda do séc. XIX, desenhos inspirados na porcelana chinesa, paisagens.