sábado, 21 de dezembro de 2019

Lendas brasileiras de origem indígena

GÊMEOS KAINGANG      - melodia de Yure Henrique Silva (cantor) Banda :Rastros de um Cometa de Histórias Quase Inventadas.
Vieram da cor de terra
com a luz da proteção
de um buraco na serra
mistério da Criação.

Na tribo dos Kaingangs
nasceram um dia de fé
os gêmeos irmãos de sangue
kanyerú e Kamé.

Kanyerú o primeiro
era magro em aparência
tinha o passo bem ligeiro
mas de pouca persistência.

Criou a pele manchada
dos seres da natureza,
sardentos cobra pintada
orquídea flor de princesa.

Logo depois surgiu Kamé (Kamé...)
Era do tipo gordinho,
e com prudência no pé
andava bem de mansinho.

Tudo riscado que há
criou Kamé lentamente
onça anta gambá
e o bicho tamanduá...

Tudo é duplo neste mundo
tudo tem sua maré
o direito tem esquerdo,
Kanyerú tem Kamé,
que nunca teve pajé
nem guru nem presidente,
só amoroso axé
de coração inocente.

( Kamé Kanyerú Kamé kanyerú Kanyerú Kamé...)


https://drive.google.com/file/d/1-BrBfCEQmsvH3szp4qkmEVqmtcYrWona/view?usp=sharing



ÀRVORE DE UANSQUÈM
Dá toda sorte de fruta
na árvore de Uansquém
tem cajá tem carambola
abacaxi graviola
e sapoti também tem.

O guabiru já sabia
essa planta é encantada;
a floração vai surgindo
cada qual por temporada.

Quando o povo descobriu
incitou a derrubada;
comeram as frutas verdes
e não sobrou quase nada...

Uansquém ficou tão triste
sem saber o que faria...
Falou semente na terra
é cuidado noite e dia.

E de agora em diante
cada broto que nascer
terá distinta qualidade,
e crescerá se chover,
se semear e colher,
laborar a humanidade.

Adeus árvore encantada
vão os campos florescer
e o povo agradecer
se quiser fazer salada.

BAHIRA
Bahira é grande chefe
da tribo Kaiowá
.Vê segredos na floresta
o que veio, o que não veio,
o que foi o que será.

Do outro lado do rio
mora uma tribo pesqueira.
Têm boas flechas de pau
e pontaria certeira.

Bahira quer aprender
a pescar dessa maneira.
Tece quatro esteiras leves,
um cesto em forma de peixe
com as folhas da palmeira.

Logo que o dia amanhece
mergulha na corredeira:
vestindo o peixe disfarce
escondido bem no meio.
O povo acerta Bahira
com rapidez boa mira.

De volta à sua maloca
recolhe o saber alheio,.
Estuda ensina retoca
as flechas bem afiadas
que ele copia o ponteio.

OH!Que fartura se vê
na hora da pescaria!
Tambaqui corvina perequê
assado moqueca pirão.
Nunca houve ou haverá
na nação Kaiowá
um chefe como Bahira!
Nunca houve ou haverá
na nação Kaiowá
um chefe como Bahira!

ORIGEM DOS KARAJÁS
Com poder e magia
trabalhou o Criador
e fez a terra do nada
com o sopro do seu amor.

Derramou sobre as montanhas
cabaças de água doce,
e fez sair das entranhas
as plantas da superfície,
os cabelos da planície.

E, se muito pouco fosse
criou os animais
para que fossem eternos
fraternos com os demais.

Mas os peixes aruanã
queriam ser outra espécie
pra caminhar sobre a terra
subir e descer a serra
dormir acordar de manhã...

O desejo coletivo
num processo alternativo
na terra dos karajás
gerou a humanidade,
há muito tempo atrás.

Se ela travou a eternidade,
e dispensou o paraíso,
nunca perdeu o juízo
busca a felicidade.

Que retornará um dia,
obra e força da energia,
do alinhamento sutil
que liberta e justifica
as tribos desse Brasil.


O PIRARUCU
Sinto cheiro de fumaça.
Bebo o caxiri da paz
que o tuxaua Ariá
da Amazônia nos traz.

Quando nasceu Inaiê,
netinho de Ariá,
disse trará riqueza e fartura,
no Grande Rio reinará.

Cresceu Inaiê valente,
e gostava de nadar.
Mas de além-mar veio gente
pra tomar posse da terra
que era o berço da raça.
Sinto cheiro de fumaça,
sinto cheiro de fumaça.

Falou Inaiê: " Nem morto!
Terra rica em ouro e prata,
níquel nióbio hematita,
embaixo jaz o conforto,
mas em cima cresce a vida!"
Manaus manaus manaus manaus
Manaus manaus manaus manaus

Lutou por anos sem trégua,
mas foi no peito ferido,
pulou no rio que teve
o espelho d´água tingido.
Daquele leito vermelho
surgiu o pirarucu,
nosso peixe bacalhau,
mais suave e saboroso
que o xará de Portugal.


A CRIAÇÃO DO HOMEM NO ALTO XINGU
Tsinim vivia sozinho
assim assim no seu cantinho
mas sempre na esperança
de ter família e festança.

Tsinim foi caçar no mato,
e encontrou uma onça
que era macho de fato,
com poder de pajelança.

O onça falou: Tsinim
você tão jovem tão novo
experimenta...
Corta troncos de madeira,
neles passa pimenta,
pinta enfeita põe cocar,
que quando o dia raiar
você terá o seu povo!

Cortou caninã vermelho,
mas nisso errou o conselho.
Só quando usou o cuarupe
é que nasceu sua trupe.

Os troncos viraram gente,
e a gente virou parente,
Tsinim casou muitas vezes
Huká-huká-huká- huká
Gu-gu-gu-gu.
Dança compete disputa,
e no Xingu são felizes!


LENDA DO MILHO
Numa noite de luar
desceu do céu foi amar
um guerreiro solitário.
Candiê -cuéi estrela feminina
antes de nascer o sol
disse agora vou embora;
vejo surgir a aurora.

Mas o zeloso rapaz
pôs a moça num porongo,
fechou a cabaça,
e foi em busca de caça,
que o dia seria longo...

De volta, à tardinha,
disse luz estrela minha
vem morar com esse guerreiro,
e soltou-a no terreiro.

Candiê-cuéi deu à sogra
sementes de milho seco
pra cultivar no quintal,
fazer curau papa doce
 pamonha e mingau.

E se ficar amarelo
moer farinha e farelo
pra assar broa de milho,
na maloca comer pipoca!


BEP=KOROROTI (herói civilizador)
Caiu uma bola de fogo
na aldeia Kaiapó.
Dela saiu um ser
de couro duro de ver,
esse tipo era cotó.

Será um tamanduá(sem rabo?)
será serpente ou jaguar
será ave ou será gente?

Guerreiros em prontidão
atacaram de bastão,
mas nenhum mal lhe faziam.

Quando o sol aparecia
tirava a pele o estranho,
deixava à beira do rio,
fosse calor fosse frio
ele tomava banho....

Só então se descobriu
era um homem diferente,
que sabia muitas coisas
e ensinava pra gente.
A secar a mandioca
sem usar  o tipiti,
a tirar bicho da toca,
viva Bep-kororoti!
Viva Bep-kororoti!
Viva Bep-kororoti!

Um dia voltou pro céu,
num salto de fogaréu.
Assim fala o bem-te-vi.














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