kikriatura
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
segunda-feira, 1 de maio de 2023
Nós Tupanos
Nós tupanos
No país de Tupan-an
do povo do sol tupanos
dos peixes de Aruanã
que se tornaram humanos.
No país de Pindorama
salvou-se um dia um casal
do dilúvio da derrama
abraçado na palmeira
que era planta altaneira
no meio do mangueiral.
Nas águas do Paraná
enteais verdes ondinas
os guaranis das campinas
e os negros de Oxalá.
Kanyerú e Kamé
da tribo dos Kaingangs
que eram irmãos de sangue
e poderosos na fé.
Eles cobriram o chão
de densa vegetação
flores folhas com pintinhas
e outras com listras são.
Agora Itacolomi
silencioso guru
observa os caminhantes
na estrada Peabiru.
De Ouro Preto ou dourado
na terra donde provém
ele vigia sentado
no tempo que nos contém.
Além anjos atlantes
servidores do cristal
da Luz e Sabedoria
são guardiões do portal.
No país da Santa Cruz
índios pobres inocentes
entoam preces ardentes
pelo amor de Jesus.
O país de dom Cabral
há muita pirataria;
mudam os donos da terra,
não muda a oligarquia.
Reclama a Natureza
que os herdeiros tupanos,
apesar de tantos danos
acordem os poderosos
em favor dos filhos nossos,
pois nossa raça mestiça
precisa enfim de justiça.
Existe só a certeza:
A vida não pára aqui...
Tupi ou não tupi.
Nós tupanos
sábado, 29 de maio de 2021
segunda-feira, 22 de março de 2021
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
Encantamento contra a melancolia
Não é um poema, nem uma canção. Trata-se de uma meditação só para artistas. Por gratidão a Albert Durer e amigos.
Evita-se a melancolia
na ação do dia-a-dia
o quatro se torna dois
o dois se torna um
e o um vira nenhum.
A mente se esvazia
do conceito limitado
e o circuito perfeito
solta e liberta o passado.
Muitas horas tem o tempo
muito tempo dimensões.
Nas espumas da poesia
lava tuas pretensões.
O sonho do artista
não é projeto circular.
O universo é a pista;
nasce cresce vive morre
entra e sai do lugar.
A soma dos algarismos
do quadrado magistral
mágico hermetismo
dá sempre o mesmo total!
Ponteia:
pragmatismo na veia...
domingo, 22 de dezembro de 2019
Lendas brasileiras de origem africana
Letras de Angela Cacicedo.
XANGÔ
Xangô meu pai poderoso
olha as minhas aflições
que já morri muitas vezes
muitas vezes renasci,
e com teu axé formoso
milhões de lutas venci.
Já rastejei feito cobra
entre as garras do leão.
Já andei na corda bamba,
já passei de maão em mão.
Atropelei o meu samba
e no final da manobra
eu dei de cara no chão.
Tem dois lados o machado
dois olhos tem o falcão.
Mas o traço do riscado
é que marca a posição.
Capitão vira soldado
e vassalo vira rei.
É pra ver que o destronado
assim trocando de lado
percebe a força da lei.
Xangô envia teu raio
de justiça reluzente,
acerta logo no alvo
bota a verdade de frente.
IBEJI
Olha pra mim meu irmão
nisso não há mal algum;
um dia nascemos dois
mas no fundo somos um.
Eu sou teu braço direito
que vive meio quebrado,
Outrora foi perfeito
mas por força do destino
carece de graça e tino,
muitas vezes renegado.
Tu és o meu outro braço,
o que vai do ombro ao chão
e pode abraçar no espaço
toda essa geração.
Gira a roda da fortuna
para ver o que contém,
se é caça de borduna
ou assado de moquém.
Vamos juntos meu irmão
eu trago a prosperidade,
firmes e com razão
não viver pela metade...
Se é manifesto o destino,
ele não é permanente.
Erê axé de menino
vai reverter a corrente!
Erê axé de menino
vai reverter a corrente.
OXALÁ
Lavei minh´alma na fonte
das águas de Oxalá
e o inferno de Caronte
esse ficou por lá.
Lavei com ervas de cheiro
pra benzer meu orixá
e no ponto do terreiro
o futuro que virá.
lavei as mãos com arruda
os cabelos com alecrim
e o carrego que afunda
ficou bem longe de mim.
Oxaguian é beleza
corajoso, homem forte,
mestre da natureza,
portador de boa sorte.
Oxalufan é idoso,
sábio rei coroado,
de cerne generoso
lá no Bonfim adorado.
O divino não tem forma
e o bem não tem idade;
existe só uma norma
a própria felicidade.
OXUNMARÉ
Olódùmaré tem problema de vista:
nuvem difusa pista irregular.
Que vale um deus que não pode ver?
Um pai ausente, um rei vidente
sem coroa nem lar?
Olódùmaré chama Oxunmaré:
meu bom amigo venha me curar.
Oxunmaré chega bem contente:
Aô Moboi! Aô Moboi! Aô Moboi!
Não chora porque não dói.
Que todo mal tem um lado fraco
que o lado forte pode derrotar.
O debaixo agora vai pra cima
e o de cima volta pro lugar.
Felicidade Olódùmaré sorri.
Só o amor faz tudo mudar.
Oxunmaré vai morar no céu,
que são os olhos do poder do mar.
Espelha as águas em feixes de luz
e o arco-íris a irradiar.
NANÃ
Os tambores falam
que antes de você e eu,
entre neblinas cambiantes
morava uma deusa orante
rainha do pantanal.
Seu vulto é o que se vê
e o rasto que se perde
na caverna natural.
E nessas águas profundas
mergulho meu padecer
à procura de Nanã
Nanã Nanã Burokê.
]Ela me olha de frente
e depois vira de lado.
Não posso crer que o menino
embaralhou o critério,.
Sim existe amor eterno
Mas toda arte tem mistério.
Tem pena, velha tem pena,
desse coração perdido,
que um dia foi amado,
mas anda desnorteado,
e o pio mocho condena.
Tem pena, velha, tem pena:
me benze com o teu cajado...
TUTU MORINGA
Vê aquele negro triste
que chora à mesa do bar?
Ele perdeu seus meninos
e disso não quer falar.
Vendido à meia-pataca
num estrado junto ao cais,
levou sinete de marca
que não se apaga jamais.
Trocado num orfanato,
quando um dia ele sumiu,
foi por causa do contrato
que o patrão exigiu.
Levado numa corrente
de cordão de carnaval,
que arrasta muita gente
que se acredita imortal.
Caçado na noite fria
pela tropa regular;
disso ele não sabia
nem podia imaginar.
Queimado frito num ninho
por um sonho de revés,
que enrolou de espinho
o ouro feito nos pés.
Olhos d´água negro pinga
Lamenta tutu-moringa
remoendo a solidão.
Gente humilde não se vinga
porque tem bom coração.
XANGÔ
Xangô meu pai poderoso
olha as minhas aflições
que já morri muitas vezes
muitas vezes renasci,
e com teu axé formoso
milhões de lutas venci.
Já rastejei feito cobra
entre as garras do leão.
Já andei na corda bamba,
já passei de maão em mão.
Atropelei o meu samba
e no final da manobra
eu dei de cara no chão.
Tem dois lados o machado
dois olhos tem o falcão.
Mas o traço do riscado
é que marca a posição.
Capitão vira soldado
e vassalo vira rei.
É pra ver que o destronado
assim trocando de lado
percebe a força da lei.
Xangô envia teu raio
de justiça reluzente,
acerta logo no alvo
bota a verdade de frente.
IBEJI
Olha pra mim meu irmão
nisso não há mal algum;
um dia nascemos dois
mas no fundo somos um.
Eu sou teu braço direito
que vive meio quebrado,
Outrora foi perfeito
mas por força do destino
carece de graça e tino,
muitas vezes renegado.
Tu és o meu outro braço,
o que vai do ombro ao chão
e pode abraçar no espaço
toda essa geração.
Gira a roda da fortuna
para ver o que contém,
se é caça de borduna
ou assado de moquém.
Vamos juntos meu irmão
eu trago a prosperidade,
firmes e com razão
não viver pela metade...
Se é manifesto o destino,
ele não é permanente.
Erê axé de menino
vai reverter a corrente!
Erê axé de menino
vai reverter a corrente.
OXALÁ
Lavei minh´alma na fonte
das águas de Oxalá
e o inferno de Caronte
esse ficou por lá.
Lavei com ervas de cheiro
pra benzer meu orixá
e no ponto do terreiro
o futuro que virá.
lavei as mãos com arruda
os cabelos com alecrim
e o carrego que afunda
ficou bem longe de mim.
Oxaguian é beleza
corajoso, homem forte,
mestre da natureza,
portador de boa sorte.
Oxalufan é idoso,
sábio rei coroado,
de cerne generoso
lá no Bonfim adorado.
O divino não tem forma
e o bem não tem idade;
existe só uma norma
a própria felicidade.
OXUNMARÉ
Olódùmaré tem problema de vista:
nuvem difusa pista irregular.
Que vale um deus que não pode ver?
Um pai ausente, um rei vidente
sem coroa nem lar?
Olódùmaré chama Oxunmaré:
meu bom amigo venha me curar.
Oxunmaré chega bem contente:
Aô Moboi! Aô Moboi! Aô Moboi!
Não chora porque não dói.
Que todo mal tem um lado fraco
que o lado forte pode derrotar.
O debaixo agora vai pra cima
e o de cima volta pro lugar.
Felicidade Olódùmaré sorri.
Só o amor faz tudo mudar.
Oxunmaré vai morar no céu,
que são os olhos do poder do mar.
Espelha as águas em feixes de luz
e o arco-íris a irradiar.
NANÃ
Os tambores falam
que antes de você e eu,
entre neblinas cambiantes
morava uma deusa orante
rainha do pantanal.
Seu vulto é o que se vê
e o rasto que se perde
na caverna natural.
E nessas águas profundas
mergulho meu padecer
à procura de Nanã
Nanã Nanã Burokê.
]Ela me olha de frente
e depois vira de lado.
Não posso crer que o menino
embaralhou o critério,.
Sim existe amor eterno
Mas toda arte tem mistério.
Tem pena, velha tem pena,
desse coração perdido,
que um dia foi amado,
mas anda desnorteado,
e o pio mocho condena.
Tem pena, velha, tem pena:
me benze com o teu cajado...
TUTU MORINGA
Vê aquele negro triste
que chora à mesa do bar?
Ele perdeu seus meninos
e disso não quer falar.
Vendido à meia-pataca
num estrado junto ao cais,
levou sinete de marca
que não se apaga jamais.
Trocado num orfanato,
quando um dia ele sumiu,
foi por causa do contrato
que o patrão exigiu.
Levado numa corrente
de cordão de carnaval,
que arrasta muita gente
que se acredita imortal.
Caçado na noite fria
pela tropa regular;
disso ele não sabia
nem podia imaginar.
Queimado frito num ninho
por um sonho de revés,
que enrolou de espinho
o ouro feito nos pés.
Olhos d´água negro pinga
Lamenta tutu-moringa
remoendo a solidão.
Gente humilde não se vinga
porque tem bom coração.
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