segunda-feira, 1 de maio de 2023

Nós Tupanos

Nós tupanos No país de Tupan-an do povo do sol tupanos dos peixes de Aruanã que se tornaram humanos. No país de Pindorama salvou-se um dia um casal do dilúvio da derrama abraçado na palmeira que era planta altaneira no meio do mangueiral. Nas águas do Paraná enteais verdes ondinas os guaranis das campinas e os negros de Oxalá. Kanyerú e Kamé da tribo dos Kaingangs que eram irmãos de sangue e poderosos na fé. Eles cobriram o chão de densa vegetação flores folhas com pintinhas e outras com listras são. Agora Itacolomi silencioso guru observa os caminhantes na estrada Peabiru. De Ouro Preto ou dourado na terra donde provém ele vigia sentado no tempo que nos contém. Além anjos atlantes servidores do cristal da Luz e Sabedoria são guardiões do portal. No país da Santa Cruz índios pobres inocentes entoam preces ardentes pelo amor de Jesus. O país de dom Cabral há muita pirataria; mudam os donos da terra, não muda a oligarquia. Reclama a Natureza que os herdeiros tupanos, apesar de tantos danos acordem os poderosos em favor dos filhos nossos, pois nossa raça mestiça precisa enfim de justiça. Existe só a certeza: A vida não pára aqui... Tupi ou não tupi. Nós tupanos

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Encantamento contra a melancolia

 Não é um poema, nem uma canção. Trata-se de uma meditação só para artistas. Por gratidão a Albert Durer e amigos.

Evita-se a melancolia

na ação do dia-a-dia

o quatro se torna dois

o dois se torna um

e o um vira nenhum.


A mente se esvazia

 do conceito limitado

e o circuito perfeito

solta e liberta o passado.


Muitas horas tem o tempo

muito tempo dimensões.

Nas espumas da poesia

lava tuas pretensões.


O sonho do artista

não é projeto circular.

O universo é a pista;

nasce cresce vive morre

entra e sai do lugar.


A soma dos algarismos

do quadrado magistral

mágico hermetismo

dá sempre  o mesmo total!

Ponteia:

pragmatismo na veia...







domingo, 22 de dezembro de 2019

Lendas brasileiras de origem africana

 Letras de Angela Cacicedo.
XANGÔ
Xangô meu pai poderoso
olha as minhas aflições
que já morri muitas vezes
muitas vezes renasci,
e com teu axé formoso
milhões de lutas venci.

Já rastejei feito cobra
entre as garras do leão.
Já andei na corda bamba,
já passei de maão em mão.
Atropelei o meu samba
e no final da manobra
eu dei de cara no chão.

Tem dois lados o machado
dois olhos tem o falcão.
Mas o traço do riscado
é que marca a posição.

Capitão vira soldado
e vassalo vira rei.
É pra ver que o destronado
assim trocando de lado
percebe a força da lei.

Xangô envia teu raio
de justiça reluzente,
acerta logo no alvo
bota a verdade de frente.











IBEJI
Olha pra mim meu irmão
nisso não há mal algum;
um dia nascemos dois
mas no fundo somos um.

Eu sou teu braço direito
que vive meio quebrado,
Outrora foi perfeito
mas por força do destino
carece de graça e tino,
muitas vezes renegado.

Tu és o meu outro braço,
o que vai do ombro ao chão
e pode abraçar no espaço
toda essa geração.

Gira a roda da fortuna
para ver o que contém,
se é caça de borduna
ou assado de moquém.

Vamos juntos meu irmão
eu trago a prosperidade,
firmes e com razão
não  viver pela metade...

Se é manifesto o destino,
ele não é permanente.
Erê axé de menino
vai reverter a corrente!
 Erê axé de menino
vai reverter a corrente.




OXALÁ
Lavei minh´alma na fonte
das águas de Oxalá
e  o inferno de Caronte
esse ficou por lá.

Lavei com ervas de cheiro
pra benzer meu orixá
e no ponto do terreiro
o futuro que virá.

lavei as mãos com arruda
os cabelos  com alecrim
e o carrego que afunda
ficou bem longe de mim.

Oxaguian é beleza
corajoso, homem forte,
mestre da natureza,
portador de boa sorte.

Oxalufan é idoso,
sábio rei coroado,
de cerne generoso
lá  no Bonfim adorado.

O divino não tem forma
e o bem não tem idade;
existe só uma norma
a própria felicidade.



OXUNMARÉ
Olódùmaré tem problema de vista:
nuvem difusa pista irregular.
Que vale um deus que não pode ver?
Um pai ausente, um rei vidente
sem coroa nem lar?

Olódùmaré chama Oxunmaré:
meu bom amigo venha me curar.
Oxunmaré chega bem contente:
Aô Moboi! Aô Moboi! Aô Moboi!
Não chora porque não dói.

Que todo mal tem um lado fraco
que o lado forte pode derrotar.
O debaixo agora vai pra cima
e o de cima volta pro lugar.

Felicidade Olódùmaré sorri.
Só o amor faz tudo mudar.

Oxunmaré vai morar no céu,
que são os olhos do poder do mar.
Espelha as águas em feixes de luz
e o arco-íris a irradiar.


NANÃ
Os tambores falam
que antes de você e eu,
entre neblinas cambiantes
morava uma deusa  orante
rainha do pantanal.

Seu vulto é o que se vê
e o rasto que se perde
na caverna natural.

E nessas águas profundas
mergulho meu padecer
à procura de Nanã
 Nanã  Nanã Burokê.


]Ela me olha de frente
e depois vira de lado.
Não posso crer que o menino
embaralhou o critério,.
Sim existe amor eterno
Mas toda arte tem mistério.

Tem pena, velha tem pena,
desse coração perdido,
que um dia foi amado,
mas anda desnorteado,
e o pio mocho condena.
Tem pena, velha, tem pena:
me benze com o teu cajado...


TUTU MORINGA
Vê aquele negro triste
que chora à mesa do bar?
Ele perdeu seus meninos
e disso não quer falar.

Vendido à meia-pataca
num estrado junto ao cais,
levou sinete de marca
que não se apaga jamais.

Trocado num orfanato,
quando um dia ele sumiu,
foi por causa do contrato
que o patrão exigiu.

Levado  numa corrente
de cordão de carnaval,
que arrasta muita gente
que se acredita imortal.

Caçado na noite fria
pela tropa regular;
disso ele não sabia
nem podia imaginar.

Queimado frito num ninho
por um sonho de revés,
que enrolou  de espinho
o ouro feito nos pés.

Olhos d´água negro pinga
Lamenta tutu-moringa
remoendo a solidão.
Gente humilde não se vinga
porque tem bom coração.