domingo, 17 de fevereiro de 2013

Biblioteca Infantil

         É muito fácil organizar uma biblioteca infantil. Basta atentar para alguns detalhes que a diferenciam da biblioteca dos adultos, e dotá-la dos equipamentos adequados, segundo as condições e possibilidades do lugar. Alguns ítens tornam a biblioteca infantil quase ideal, porém, o mais importante é o destino que se dá aos livros, isto é, o bom aproveitamento deles.
          Aspecto físico:
1- Local claro, silencioso, arejado e fresco, de preferência em contato com a natureza.
2-Sala de leitura com estantes baixas, mesas e cadeiras na altura das crianças, espaço para fazer uma rodinha, a saber: um simples tapete com almofadas, ou um piso elevado semi-circular com dois degraus onde as crianças possam sentar e ouvir histórias.
3-Sala anexa à sala de leitura para atividades relacionadas aos livros.
4-Banheiros com pias e sanitários baixos para meninos e meninas.


          Acervo:
         A organização do acervo pode ser feita por autor ou catalogação simplificada. Todas as bibliotecas municipais têm pessoas competentes que podem orientar a catalogação. A participação da comunidade é fundamental.
          Acervo mínimo ideal:
1- Contos de fadas, fábulas, lendas regionais internacionais . Autores: La Fontaine, Irmãos Grimm, Charles Perrault.
2- Lendas brasileiras: histórias de origens  indígena, africana e portuguesa; folclore nacional.
3- Enciclopédia infantil ilustrada: livros sobre animais, vegetais, carros, aviões, navios, profissões, esportes, culinária, higiene, etc., e tudo o que possa enriquecer a experiência e conhecimento do mundo. Júlio Verne.
4- Histórias em quadrinhos.
5- Coleção Monteiro Lobato completa, com adaptações e vídeos. Cecília Meireles para crianças.
          Autores de histórias ( como selecionar):
          O livro infantil não precisa ser exemplo de virtudes, mas precisa ter algumas qualidades que o tornam atraente, interessante, enriquecedor e divertido, além de transmitir valores positivos e otimistas. Não deve conter discriminações raciais, sociais , nem religiosas; todos os assuntos podem ser abordados como temas, se forem tratados adequadamente, com sensibilidade e respeitando a idade da criança.
          Temas relacionados à natureza ( plantas, animais, o tempo, o espaço, os astros, o mar, mudanças de estações, etc. ) agricultura, meio ambiente, esportes e viagens em geral são muito bons. O próprio corpo, as dificuldades e cuidados em lidar com ele.Os relacionamentos afetivos e solidários com a família, grupos, colegas virtuais, etc. Os hábitos comuns: ultrapassados, irritantes, repetitivos, divertidos, inesperados, inexplicáveis, desconcertantes, gentis, modernos, etc. A vida, a realidade, a imaginação, a verdade, a mentira, o passado, o futuro, a ilusão e a desilusão. A formação do cidadão: responsabilidade social, escolha, voto, omissão. A arte: a comunicação, a palavra, a linguagem, a interpretação. Enfim, é infinita a variedade de temas, mas o essencial é que questione a relação da criança com a vida de modo produtivo.
          Alguns bons autores:
          Ruth Rocha, Sylvia Orthof, Ana Maria Machado, Eva Furnari, Angela Lago, Eliardo França e Mary França, Ziraldo, Rogério Andrade Barbosa, Rui de Oliveira, Paula Saldanha, Maria Mazzetti, Joel Rufino dos Santos, Pedro Bandeira e  Lygia Bojunga.
          Ler, contar, compreender e interpretar:
1- A leitura do livro deve ser feita em som claro, não muito alto, respeitando as palavras e a pontuação do texto. Se for uma longa história, ler um capítulo de cada vez. Um dia por semana é suficiente.
2-A história contada precisa ser memorizada antecipadamente. Existem muitas técnicas de contação de histórias, desde a mais antiga de narrar os fatos em sequência, dar tempo para as crianças irem assimilando, conduzir ao clímax e desfecho final. Atentar para os gestos adequados, a  voz que sugere a ação do personagem, o ritmo, enriquecer as imagens descritas, abrir possibilidades para a imaginação. Técnicas como repetir uma palavra chave ( por exemplo: tic- tac) sempre que o narrador disser relógio, é uma maneira de manter as crianças atentas. Ou bater duas palmas quando o narrador disser... ( a palavra chave). Usar ainda recursos como música, ou teatro, a saber:
          Desenhar os personagens em cartolina, colar lixa  atrás e apresentar sobre uma placa revestida de flanela ( flanelógrafo), construir teatro de sombras, fantoches, luvas com os personagens, tapetes mágicos, caixas surpresa com personagens dentro, baú da vovó, personagens duplos ( fazer uma boneca de pano com uma grande saia dupla, de um lado tem corpo de bruxa, do outro lado corpo de princesa) e contar a história virando e alternando  os lados com as duas mãos. Fazer um boneco com personagens diferentes frente X costas e ir alternando conforme a narrativa.
          São algumas idéias que facilitam a contação de histórias e devem ser preparadas com antecedência pelo professor. O programa ABZ do Ziraldo na TV Brasil apresenta diversas técnicas, além de entrevistar novos autores e ilustradores.
3- Interpretação:
          Após ouvirem a história lida ou contada, as crianças podem falar o que entenderam. O orientador não deve corrigir interpretações fantasiosas, recriações, variações dentro do mesmo tema. É próprio da criança inventar. Só corrigir interpretações totalmente erradas, que demonstrem que a criança não entendeu direito.
4- Atividades relacionadas ao livro:
          Cada história, na sua estrutura, linguagem ou ilustração pode sugerir a atividade relacionada, que será conduzida pelo professor, e realizada pelas crianças. Podem ser atividades de criação de texto ( oficina da palavra), atividades de artes plásticas( colagem, desenho, pintura, etc.), atividades de teatrinho, música, dança, ou jogos dramáticos. Neste blog encontrarão exemplos  em antigas postagens.
5- Pesquisas podem ser orientadas em conjunto com sites confiáveis na internet.
6- Empréstimos facilitados em número significativo para professores facilitam o bom aproveitamento e divulgação dos livros.
          De nada adianta ter uma linda biblioteca, se as pessoas não sabem como usar os livros, nem se interessam em folheá-los. A leitura de um livro requer concentração e atenção dirigida, enquanto  a televisão e os computadores são vistos " de passagem".  É necessário despertar o prazer de ler, e isso se faz com sabedoria, paciência, disciplina, inteligência, alegria e muito amor. O hábito da leitura se cria na infância, e se a pessoa chega à idade adulta sem gostar de ler, depois é difícil remediar.


         "Quem gosta de ler não morre só" - disse Ariano Suassuna.
         
         
         
         

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