Data de cerca de 2000anos a.c. a chegada dos povos ceramistas ao Brasil. Fixaram-se inicialmente ao norte do país, na região da ilha de Marajó e Santarém. Faziam urnas funerárias e vasos com função utilitária. Como instrumentos de trabalho usavam pontas de ossos, pedras e flechas. Pincéis eram pêlos e gravetos. Tintas provenientes de pigmentos minerais retirados da terra.
A provável fonte de inspiração decorativa provinha da observação da natureza: a sequência de ritmos com ângulos retos, agudos e obtusos eram oriundos da observação da pele das cobras e das escamas dos peixes; espirais, arabescos, volutas e círculos vinham da observação do entrelaçamento dos cipós; a simetria da observação dos animais e dos homens (dois olhos, duas mãos, duas narinas, etc.)
Modelavam em argila branca ou vermelha com técnica de superposição de rolinhos, que depois eram alisados com as mãos. Só com a chegada dos portugueses foi introduzido o torno de madeira.
A queima da cerâmica indígena era feita em buracos na terra, onde cavavam degraus para depositarem as peças, que cobriam com folhas secas e galhos, onde ateavam fogo. Com os portugueses chegou o forno de tijolos.É muito prático e possibilita a queima de peças de grande porte.
Hoje o forno industrial é usado em espaços restritos. E o material necessário : desbastadores, espátulas e argila são vendidos nas casas do ramo.
Por ter sido sempre a mais antiga forma de arte brasileira (junto com a cestaria e a arte plumária) , a cerâmica responde a lembranças ancestrais e constitui uma das melhores atividades artísticas com finalidade terapêutica, além ser meio de expressão dos artistas que optam por trabalharem figuras em terracota, esmaltação, raku e outras modalidades.
Crianças em situação de risco, pessoas em luto recente, desajustados sociais são muito beneficiados pela prática da modelagem em argila, porque recriam de forma simbólica situações difíceis, sublimam experiências constrangedoras, projetam na arte a ansiedade de tocar em algo ou alguém que se foi, buscam a harmonia e o equilíbrio na matéria e assim reconstituem o tecido psíquico que foi rasgado anteriormente por vivências infelizes. É uma terapia de superação.
Igualmente a prática do mosaico, que demanda dar sentido a fragmentos de louças, pastilhas e pedras, com textura e cores diferentes, organizar espaços, congregar ritmos, criar formas, seguir desenhos e padrões, constitui atividade enriquecedora, fonte de alegria e união.. Para trabalharem com mosaico, as crianças necessitam proteção especial para os olhos. O material é vendido nas casas do ramo.
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"Tensão Escultural" de Andrey Zignnatto - primeiro prêmio do 4º Salão de Cerâmica de Curitiba
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