quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fotografia

          Algumas pessoas têm dificuldade em distinguir a fotografia comum da fotografia obra de arte. De fato, não é tão simples de fazê-lo.
          No  princípio a fotografia visava coroar com êxito a busca que os artistas empreendiam há 4 séculos da imitação da natureza. 
          Com o tempo, o domínio da técnica fotográfica e os recursos disponíveis criaram condições aos fotógrafos de realizarem fotos de grande beleza e poesia. Um pôr-de-sol peculiar, uma montanha coberta de neve resplandescente,  uma floresta com neblina  produzem muita emoção,  e podem ser  considerados "sublimes".
          Se de  repente, as nuvens baixas deixam o Cristo  Redentor pairando solene sobre elas...

         Uma pomba pousa sobre a cabeça de um monge budista...uma garça pousa sobre uma pedra exatamente na direção da flecha que pretende arremessar a escultura de bronze do pequeno índio...

         As sombras desenham formas inusitadas na parede... são ocasiões inesperadas que o observador  experiente aproveita para tirar boas fotos , com os recursos técnicos adequados. Nesses casos as fotos tornam-se obras de arte.
          Já o retrato requer especial sensibilidade quanto ao alvo, isto é, o fotógrafo precisa captar exatamente e com naturalidade a essência de quem aquela pessoa é, sua "aura" particular ( um escritor, uma atriz, um cientista, etc.). A foto é de natureza icônica ( tem semelhança com o retratado), e a arte é de natureza da ilusão, brinca com a fantasia. Quer dizer que um retrato passa a ser uma obra de arte quando faz o espectador sonhar. Félix Nadar foi o melhor retratista de Paris no início do séc. XX.

          No Brasil, na mesma época, Marc Ferrez fez retratos étnicos tão bons que eram vendidos a turistas como "exóticos", fotografias panorâmicas de alta qualidade técnica, além dos novos edifícios da Avenida Central.
          Recursos diversos podem ser empregados para fotos artísticas: retratar uma bailarina com luz baixa, imagem ligeiramente desfocada e atitude solene pode gerar imagem de expressiva   beleza; e o mesmo recurso de fluidez pode ser usado  para fotografar lingerie, com o fim de gerar delicadeza na imagem; mas  o resultado  não será uma obra de arte, será uma  boa foto de moda. A diferença é a criatividade, a imaginação, a poesia.
         .Ainda no âmbito da beleza, pode-se encontrar  um fotógrafo que, inspirando-se numa pintura famosa, resolva recriar os personagens retratados em atmosfera similar, usando pessoas semelhantes às da pintura,  e aí teremos uma obra de arte ( porque usou a criatividade) se o resultado for bom.Ex: pintura "Almoço na relva" de Edouard Manet (1863).
          O fotógrafo que produz a si mesmo ou a outros em ambientes peculiares, roupas, acessórios, maquilagem, luz indireta e  estranhos adereços ( tatoo, punk, fantasias inusitadas) pode realizar boas obras de arte, mas então encontra-se na estética contemporânea, que imerge nas ambiguidades poéticas. Igualmente quem fotografa uma mulher como homem e vice-versa; e  produções de body-art que se mesclam ao ambiente, paredes e  muros.
          Um artista plástico que emprega pessoas, recursos técnicos, objetos ocasionais para produzir arte efêmera e land art, pode utlizar a fotografia como registro de seu trabalho, e então suas fotos fazem parte da obra.
          De acordo com o pensamento contemporâneo, que considera a beleza da arte independente da beleza do modelo, encontra-se a poética de âmbito  social, que pode ter como alvo operários sujos de petróleo, pobres abandonados nas grandes cidades,camponeses, loucos e idosos. São fotos que conduzem à reflexão, e quando bem produzidas demonstram grande  sensibilidade ( Sebastião Salgado).
          Alfred Stieglitz foi o fotógrafo que mais lutou ( em 1905) para que a fotografia fosse reconhecida como obra de arte.
           Atualmente a  fotografia tem sido considerada a arte da confusão ( no bom sentido - mistura heterogênea). Com a ajuda do photoshop, elementos podem ser retirados ou introduzidos nas imagens com finalidades diversas. Isso é invenção, renovação da imagem,  criatividade, mas às vezes induz   a erros de apreciação e manipulação das massas, com resultados imprevisíveis.
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          Por tudo isso os pais precisam estar atentos às imagens que circulam na mídia, conversar com os filhos, tentar compreender juntos as mensagens  visuais recebidas,   a fim de reduzir o impacto que possam exercer sobre eles.
         O uso da máquina fotográfica pelas crianças é muito bom, e quanto mais cedo aprenderem a lidar, melhor.O filme La Camara Oscura de Maria Vitoria Menis mostra com muita poesia como funciona a projeção da imagem invertida na câmara fotográfica.


PS: o programa Caçadores da Alma da TV Brasil do dia 5/12/2012 abordou  o tema com propriedade. Muito bom.

sábado, 24 de novembro de 2012

Pintor da terra, pintor do céu.

          É preciso um olhar atento para descobrir num modesto santuário de subúrbio (N.S. da Conceição do Engenho Novo) um conjunto das melhores obras de arte do estado do Rio de Janeiro.
          São dez pinturas a óleo de autoria do pintor Mário Mendonça, a conhecida Via Sacra da Fraternidade ( 1967-1970), que têm como tema a paixão de Cristo, e  foi assim chamada porque aborda questões como a solidariedade entre os povos, a caridade, e protesta contra a guerra-fria, o racismo e a ganância, a atuação do clero, e  reafirma o papel de Cristo como Salvador.
          De representação figurativa e geométrica, com tendência à abstração, a via sacra possui cores de tons ocres, marrons, alaranjados, amarelos, vermelhos matizados com púrpura, que contrastam com verdes e azuis profundos, e o branco como mediador. Fazem uma belíssima combinação cálida e solene.
www.mariomendonca.com.br

          Delicada homenagem de um Mestre a outro:
ANTES
SERRAS               SOMBRAS                 REFLEXOS
JESUS                                TIRADENTES
MARIO FÉ                        PAZ                           HARMONIA
SOLENE                               GRAVE                      VOA
AGORA
SERRAS           CAMPOS                         JESUS                   ALEGRIA
NOUVELLE                           FAUVE                    GENTIL           
MARIO FÈ                         VOA
VEIO
LUZ                            COR
INVENTIONE                      ASCENDE

Poema de Aluísio Carvão dedicado a  Mario Mendonça (1997).
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          As crianças podem apreciar suas ilustrações no livro Dom Quixote Para Crianças  ( uma história de Miguel de Cervantes Saavedra, com adaptação de Arnaldo Niskier, 2007).


Sugestões para atividades artísticas:
  • pesquisar sobre fraternidade, união, solidariedade, liberdade, justiça, Dom Quixote.
  • pintura a guache.
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       Em 2002 escrevi a monografia "Assim na Terra como no Céu: o universo Político / Simbólico de Mario Mendonça na Via Sacra da Fraternidade", monografia do curso de Especialização em Teoria da Arte, que pode ser consultada na Biblioteca da UERJ
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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Criatividade

          A criatividade dos adultos pode ser exercida em três níveis:
          No estado desperto, em que a pessoa "sonha acordado", reúne elementos díspares para organizar uma idéia criativa. Todos têm essa capacidade, do mais sofisticado engenheiro ao simples ajudante de pedreiro. Todos podem encontrar soluções originais para seus problemas, desde que permaneçam com a mente em estado receptivo, as idéias virão da pluraridade de canais sutis que sustentam a própria vida a que a humanidade está ligada.
          Porém, como se trata de uma elaboração mental, a criatividade neste nível não tem ética. Um ladrão pode exercê-la tão bem quanto uma freira casta; não tem lugar, e até mesmo dentro de um trem lotado alguém pode estar engendrando um plano político criativo que venha a mudar a face de um país.
          Já o estado "execução" diferencia-se quando exercido em grupo ou individualmente.
          O grupo é um corpo cambiante que trabalha com idéias diferentes e que tenta harmonizá-las e conduzí-las à prática. O processo requer avanços contínuos em compreensão e sabedoria; quanto mais flexível o grupo,  aproveita melhor as boas soluções e maior chance tem de êxito. É o caso de grupos teatrais, cinema, agências de propaganda, etc.
          Mas o artista que trabalha sozinho conta apenas com sua bagagem física e psíquica, emprega corpo e mente numa só direção. Tem uma luta solitária para dominar os processos de execução, do projeto ao resultado, passando pelo inesperado. O fator cultural também interfere, porque um desenhista habituado a trabalhar nos moldes clássicos ocidentais ( perspectiva, anatomia, observação direta da natureza) pode levar algum tempo para estabelecer relações harmoniosas numa nova experiência estética - caso  Paul Cézanne e o Monte  sainte Victoire. Cada desenhista tem  seu limite, e precisa trabalhar duro se quiser modificá-lo.


          Neste nível a criatividade tem ética, que se revela na consciência da pessoa lúcida.Todos podem calcular as consequências boas ou más de suas ações.. Enganar-se nesse caso pode ser extremamente prejudicial para si e para os outros. - caso de artistas que se arrependem de certos papéis e de filmes que induzem a revoltas e crimes.
          No estado onírico a criatividade exerce-se livremente, e a pessoa tem todo tipo de experiências sem inibições.  " Só no reino dos sonhos o artista encontrou plena liberdade de criar " diz E. H. Gombrich. No caso de ter algum problema físico, ele pode projetar-se de forma simbólica nos sonhos. E se a pessoa está bem de saúde física e mental ( equilibrada e harmoniosa) pode ter experiências de altíssimo nível de criatividade ( áreas sutis), que superam em muito - em beleza e profundidade-  as realizações dos níveis anteriores.
          As crianças transitam sem distinção pelos três níveis: ( pensar / viver / sonhar) é uma única experiência que se desdobra continuamente. Suas criações são registros desse estado singular, por isso devem ser preservadas na íntegra, e protegidas de influências negativas que o convívio em sociedade eventualmente possa trazer.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Visita ao museu do Oratório

          Quem passeia pelas ladeiras íngremes e ruas estreitas de Ouro Preto (MG) pode observar toda a riqueza que outrora ostentou a antiga Vila Rica: os chafarizes, as igrejas, o casario com sacadas de gradis trabalhados em desenhos primorosos que são o orgulho daquela cidade.
          Mas visitar o Museu do Oratório, situado no adro da Igreja do Carmo é algo especial porque nele vê-se que cada oratório tem uma origem, destinação e artesania diferentes um do outro.

          Os oratórios eruditos , muito elaborados em sua ornamentação, recriam em madeira as curvas reversas dos pórticos em pedra-sabão das igrejas rococós e barrocas da cidade.
         E as imagens em madeira evidenciam a técnica apurada que utilizavam os mestres santeiros nos séculos XVIII e XIX: corte da madeira na lua minguante, entalhe, infusão em ervas para refinar as resinas, secagem, cobertura de gesso e argila, pintura sobre o douramento e raspagem para definição dos motivos ornamentais (  tudo no seu tempo certo...).
          Os oratórios-concha reúnem sob redomas um rendilhado de tecidos em forma de flores e miudezas entremeados de motivos do mar de grande delicadeza.
          As ermidas e oratórios de salão impressionam pelo porte de armários com talha requintada e cobertos de pinturas de  motivos religiosos; entre esses um oratório com pintura atribuída ao Mestre Ataíde.
          Oratórios de quarto  ( que serviam de capelas em propriedades rurais longe das vilas) para ofícios católicos; oratórios afro-brasileiros elaborados com elementos simbólicos que uniam a religião católica e as religiões oriundas da Àfrica apresentam singular expressão de reconstituição cultural.
          Muito interessantes os oratórios de viagem: os  pequeninos oratórios de algibeira ( que iam no bolso), muito práticos para quem andava a cavalo e mula; oratórios de esmoler que iam pendurados no pescoço dos padres mendicantes; e o oratório de arca que encerra todo o aparato da missa(cálice, patena, etc) e quando aberto se transforma em capela itinerante.
          Testemunha ímpar da criatividade do povo brasileiro, nas palavras de Angela Gutierrez:
" (...)mais que a exposição dos objetos de fé, temos uma mostra de caráter antropológico e afetivo, com cenas típicas onde o uso do oratório reflete o imaginário brasileiro".






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          Sugestões para atividades artísticas  para crianças:
  • pesquisar a iconografia dos santos católicos
  • pesquisar desenhos de pórticos
  • reunir todo tipo de objetos pequenos, conchas , flores, sucata, tecidos, papéis coloridos, e construir  caixas- surpresas.
  • garrafas pet para redomas

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Arte na adolescência

          O jovem que participar constantemente de atividades artísticas, de debates e reflexões sobre a natureza de uma obra observada ( sua e dos outros) estará sempre pronto a construir uma visão crítica bastante saudável, e poderá usufruir melhor da produção artística de diferentes culturas pelo mundo.
          Mas, se nesse período mostrar interesse em seguir carreira nas artes visuais, precisa estar ciente da condição do artista criador na atualidade.
          Hoje a beleza está em tudo: nas embalagens, cuidados com o corpo, decoração, restauração de imagens, design, fotografia, fotomontagem, história em quadrinhos, desenho animado, grafite,  moda, publicidade, pratos artísticos ( comida à Miró), carpintaria, etc. O jovem pode escolher seguir uma dessas profissões, dedicando algum tempo para suas criações pessoais, e tanto melhor, mais vale ser um artesão contente de seu trabalho do que um pintor inseguro, sempre à espera de aplauso; para isso deve procurar uma escola especializada.
          Também pode tornar-se professor e terá satisfação em orientar as atividades dos alunos ao mesmo tempo em que desenvolve seu próprio projeto. Assim fizeram mestres como Guignard, Aluísio Carvão e tantos outros.
          Mas se o jovem tiver maiores ambições, como a de posicionar-se como artista plástico, esteja consciente de que:
  • vai longe o tempo em que pintores de vanguarda esperavam a opinião dos críticos independentes  para terem suas obras valorizadas.
  • hoje  (na maioria dos casos) o artista  iniciante paga a sua própria promoção na mídia, ou é colocado em rede ( de acordo com os interesses dos museus, dos assessores de imprensa, dos críticos da rede, dos jornalistas, dos experts, viajantes e comerciantes e marchands) e ocupa espaços pré- estabelecidos com suas obras. A mídia garante o sucesso do empreendimento.
  • o artista em rede não tem a liberdade que teve Picasso de mudar seu estilo quando bem quisesse. E, se o fizer, corre o risco de ficar fora do sistema.
  • o sistema é fechado, e o artista- produtor é um SIGNO a ser transferido de um país a outro, numa circularidade de produção e de consumo da própria rede;   o público ( cidadãos comuns) paga os ingressos, enquanto o museu promove a venda de camisetas, souvenirs, livros, DVD, etc.com a marca da exposição (evento).
  • nada está ao acaso, e além de manter visibilidade na mídia, precisa o artista iniciante manter uma série de relações.
  • se for um artista da land art, precisa fazer idas e vindas para obter autorização, acordos com proprietários dos terrenos, contratos com empresas, montagem da operação, patrocínio, e divulgação na mídia; inclui a comercialização de livros e documentos do projeto.
  • igualmente o artista de performances e happenings, sendo que nesse caso só o registro testemunha a obra.
  •  se for artista de video- instalação poderá projetar imagens que conduzam às experiências de diversão, perplexidade, fascinação, rejeição, horror, estranhamento, sentimentalismo, tudo cai muito bem quando a Arte é o efeito produzido. 
  • na arte contemporânea tudo está exposto ( no orkut, na internet), mas nada está claro; as transparências se superpõem, de modo que engendram também artifícios de ambiguidades construídas, espaços diáfanos, nevoeiros para a compreensão e o olhar.
          Com tanta indeterminação, o jovem iniciante em Arte precisa ser muito inteligente para superar todos esses obstáculos.  Poderá satisfazer a  si mesmo e a todos os demais, se incorporar a máxima de Andy Warhol( séc. XX): "Ganhar dinheiro é uma arte, trabalhar é uma arte, e fazer bons negócios é a melhor das artes". E refletir sobre o que disse o filósofo  Sócrates ( séc.V ac.):" Conhece-te a ti mesmo"...e que saiba muito bem até onde pode ir.
          Para maiores informações  ler: CAUQUELIN, Anne "Arte Contemporânea: uma introdução" S.P. Martins, 2005.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Visita ao conjunto arquitetônico do Largo da Carioca

          Vale a pena subir a escadaria do Convento de Santo Antônio (1608-1620) no Largo da Carioca do Rio de Janeiro. Dali pode-se observar a paisagem que se transforma constantemente com o desenvolvimento da cidade desde a sua fundação, mas ainda pode-se ver o Pão de Açúcar. O artista francês Nicolas Taunay pintou-a em 1816.
          O convento de Santo Antonio testemunha a história do Rio de Janeiro desde quando os monges defenderam a cidade das invasões francesas.



          Na fachada, num nicho, encontra-se a imagem de Santo Antonio de fora, que está ligada às tradições do folclore português, e que recebeu aqui soldo militar pago ao convento  até 1911.
          No interior da pequena igreja, as pinturas do teto são cenas da vida de Santo Antonio; e a capela-mor resplandece  com talhas ( em madeira) douradas, relevos florais e colunas torsas.
          Os bustos dos Dezoito Mátires, frades franciscanos matirizados no Japão no séc. XVII, pintados na entrada, mostram a missão internacional da Ordem. A igreja possui também a  estátua de Bom Jesus da Cana Verde trazida de Portugal no séc. XVII.
          Na sacristia, os arcazes esculpidos em jacarandá são obra do marceneiro português Manuel Alves Setúbal ( 1745); a mesa onde foi redigido o manifesto do "Fico"; azulejos portuguêses ( que vinham como lastro de navio)  descrevem  o milagre da cura de um cego por Santo Antônio.
          O Museu de Arte Sacra ( que também integra o conjunto)  possui interessantes imagens de roca que eram levadas em procissões pela cidade.

          A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (1657-1747), ao lado, possui delicadas talhas com douração requintada cobrindo as paredes laterais e que são obra do português Manoel de Brito.
          O Cristo Alado ( "seráfico" pois possui 3 pares de asas) que abre os braços para receber São Francisco é excelente obra do escultor português Francisco Xavier de Brito ( 1735).

          O  piso de  de mármore com curvas pronunciadas em cores preto, bege e laranja revela  outra vez a ênfase distinta do barroco.
          Mas o mais impressionante é a pintura do teto da nave, Apoteose de São Francisco, pintada entre 1734- 1736, e que é considerada a primeira pintura em perspectiva ilusionista feita no Brasil; é obra do artista português Caetano da Costa Coelho. São Francisco está representado no céu ( vista frontal), entre nuvens e anjos, enquanto embaixo, numa bancada de construção ilusória, eclesiásticos estudam a Bíblia em orações.






         
          Sugestões para atividades artísticas relacionadas:
  • Trabalhar o movimento acentuado ( curvas reversas e inversas, ovais) em colagens.
  • Produzir relevos em papel machê e cobrir com folhas de papel dourado ( inspirados no barroco brasileiro).
  • Padrões de azulejos figurativos e abstratos.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Visita ao Museu Castro Maya

          Quem vai ao bairro de Santa Tereza no Rio de Janeiro não pode perder a oportunidade de visitar a Chácara do Céu. Além de uma ampla vista que se descortina sobre o centro da cidade, o museu possui um acervo rico em obras do Extremo- Oriente.

          Vasos de cerâmica, serviços de jantar em porcelana da China de extrema delicadeza e com uma policromia de flores, frutos, personagens, formas funcionais e brasões. É a arte decorativa de um povo , que sem ter o respaldo intelectual das cortes, testemunha uma alma cultivada, na busca de harmonia e equilíbrio do Agir Total, sabedoria milenar da filosofia chinesa.
          Biombos chineses e japoneses (de madeira e laca, com pinturas sobre papel ou tecido e ouro) com belíssimas paisagens de seus países nos séculos XVII e XVIII.
          Uma coleção de xilogravuras japonesas de Hiroshige de paisagens tratadas com inteira liberdade de composição.
          A escultura em mármore de cabeça de Kanon ( o Buda da Compaixão) da China dos séculos XII-XIII representada de olhos semi-abertos para ver os sofrimentos dos homens e saná-los; o   torso do Buda Muchalinda  ( rei das Serpentes Nâga) do Khmer dos séculos XII-XIII de olhos fechados mostra introspecção, alma em meditação voltada para Deus --- são preciosidades da Coleção Castro Maya.
          Além de pinturas impressionistas francesas do século XIX, o museu possui rico acervo de aquarelas de Jean Baptiste Debret, o pintor francês que esteve no Brasil servindo à corte portuguesa no século XIX. Ele retratou a vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro (corte, escravos, viajantes, comerciantes, clero, etc) como reporter de um tempo em que não existia a máquina fotográfica.

          Imperdível para turistas, pais e professores que desejem dar oportunidade a seus alunos de conhecerem arte da melhor  qualidade, incentivar pesquisas sobre os artistas e suas  técnicas , além da própria arquitetura do lugar.
          "(...) para o pensamento chinês, o DAO é a lei das mutações entre o Yin e o Yang, e toda arte(...) consiste em suscitar o movimento criador, pela oposição dos contrários (...)
          Nicole Vandier- Nicolas
          "Art et Sagesse en Chine- Mi Fou"

Sugestões de atividades em classe de educação artística ( pesquisa e atividade prática):
  • Trabalhar formas inversas, semelhantes e opostas, preto e branco, cores complementares em desenhos e pinturas.
  • Xilogravura
  • Pequenos biombos com varetas
  • Aquarela: pintar a Moda do séc. XIX, desenhos inspirados na porcelana chinesa, paisagens.


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Educação Artística

          A educação artística para crianças e adolescentes é uma disciplina que orienta a reflexão sobre as artes em geral ( artes plásticas e visuais, teatro, literatura, dança, música etc.), o intercâmbio entre elas  e seus desdobramentos nas culturas erudita e popular.
          Para orientar essa reflexão precisa o professor prepara-se bem. Estabelecer uma espécie de " compromisso eterno" com a Arte, isto é, cultivar pensamento constante e profundo em relação às obras dos artistas, às suas próprias criações e as de seus alunos. Ler bons livros de História da Arte, frequentar exposições, debates. Deve ir ao teatro, ouvir músicas de boa qualidade, manter a curiosidade sobre as novas tecnologias e as manifestações artísticas contemporâneas.
          Acima de tudo precisa gostar do que faz, pois só pode despertar interesse pela arte o professor que tornou-se por seus próprios esforços apreciador costumeiro, bastante habilitado e que trabalha com amor.
          O corpo da escola ( grupo, abrigo, centro cultural, orfanato) flexível para acatar manifestações artísticas nas dependências comuns; os pais conscientes de que os "passeios" a museus são importantes para o desenvolvimento dos alunos; o espaço físico ( sala, armários, materiais) bem localizado e suprido de tudo o que é necessário faz toda a diferença.
          Então, quando tudo estiver bem planejado, pode o professor iniciar o projeto artístico, que poderá estar inserido num grande projeto comum de tema aberto com a escola, ou não.
          Que leve  para a sala uma obra de arte, convide um artista ou artesão para falar de seu trabalho, ou faça uma visita a uma exposição. Isso desencadeará os processos necessários para o desenvolvimento das atividades.
          A prática da observação minuciosa suscitará questionamentos que terão respostas nas pesquisas que as crianças farão por internet ou nas bibliotecas locais. As pesquisas podem vir na íntegra, e serão lidas  e debatidas em classe como "descobertas" que as crianças fizeram.   Daí pode surgir o legítimo desejo de fazer experimentações com as técnicas com as quais tiveram contato. Esse será o trabalho prático ( proposta triangular).
          O professor deve orientar criações para datas comemorativas somente  quando isso estiver de acordo com o projeto desenvolvido por seus alunos no momento.
          Conforme com o pensamento de Erich Fromm no livro  "Psicanálise e Religião":
            " O homem deve ser independente e livre, um fim em si mesmo, e não um meio para os objetivos de outra pessoa. Deve relacionar-se  aos semelhantes pelo amor, pois se não dispõe de tal capacidade, torna-se uma casca vazia, mesmo que possua poder, riqueza e inteligência"
      

domingo, 11 de novembro de 2012

Oficina da Palavra

          A oficina da palavra reúne jogos coletivos, brincadeiras e atividades que enriquecem as linguagens oral e escrita das crianças após a alfabetização. Se usada em pequenos grupos de até 15 crianças, dá melhores resultados; deve-se trabalhar em torno de uma grande mesa ou 4 pequenas mesas unidas. O professor orientador precisa lembrar que estará lidando todo o tempo com sensibilidades, com personalidades em formação. Assim, usar de gentileza, promover clima de confiança e afeição é essencial.

Atividades de linguagem oral

1- Jogo da cartomante e consulente:
          Improvise um turbante com um lenço de cor vibrante; recorte uma cartolina em forma de umas 30  cartas de baralho e reserve; recorte figuras sugestivas( que lembrem viagens, objetos, pessoas, festas, trabalho, etc) de revistas velhas, cole em um dos lados das cartas.
          Atividade:
          Escolha uma dupla para serem a cartomante e a consulente; a cartomante vai colocar as cartas para a consulente, dispondo em forma de cruz 3 na cabeça, 3 no coração, 3 nos pés; 3 à esquerda, 3 à direita viradas para baixo.
          A cartomante então desvira as cartas e diz a sorte da outra criança de acordo com o que vê.
          O orientador vai corrigindo a linguagem oral. Atenção: mesmo que as crianças peçam, o orientador nunca deve dizer a sorte de ninguém; porque isso pode influenciar
Normalistas treinam o Jogo da Cartomante para usarem posteriormente em sala de aula

2- Narrativa continuada:
          Viagem de trem ( ou ônibus) narrada oralmente.
          O trem partiu e....
          Uma criança deve continuar a narrativa, acrescentando mais acontecimentos e detalhes conforme mandar sua imaginação; o orientador interrompe e passa a palavra a outra criança assim sucessivamente; corrigir a linguagem oral.
3- Baú de sonhos:
          O orientador desenha vários baús no quadro negro; depois pede que cada criança relate oralmente um sonho para guardar no baú; escreve o título do sonho dentro do baú; corrigir a linguagem oral.
4- Jogo dos provérbios:
          Preparação: recorte vários cartões em cartolina; em cada um escreva um provérbio;
          Apresente às crianças todos virados para baixo; elas devem escolher apenas um e tentar explicar o que significa; o orientador corrige a linguagem oral.
          Ex: Quem cochicha o rabo espicha; quem procura acha; quem muito fala dá bom dia a cavalo; longe dos olhos longe do coração.... etc.
5- A frase incompleta:
          Preparação: escreva em cartões frases incompletas; apresente às crianças todos virados para baixo; cada criança escolhe o seu, desvira e vai completar a frase e prosseguir a narrativa oralmente.Ex;
          De manhã, peguei a mochila e saí...
          Ontem estava com vontade de tomar sorvete, então...
          Levei um susto no dia.....
Corrigir sempre a linguagem oral.
Criação de textos
1- História ilustrada:
         Preparação: recorte de revistas muitas fotos sugestivas;
         Espalhe todas sobre a mesa grande; peça que as crianças escolham as que mais lhes agrade; depois peça que escrevam pequena história sobre duas ou três dessas fotos.
Corrigir a redação.
2-Composição com palavras associadas:
          Peça que as crianças escolham uma palavra; escreva essa palavra no quadro posicionando  uma letra embaixo da outra; peça que digam palavras associadas; elas devem então fazer um texto em que se encontrem essas palavras; também pode ser uma redação coletiva ditada pelas crianças.Ex: CIDADE
C- casa cama cinema
I - ilha
D- dono dinheiro
A árvore água
D - distância
E - espaço espigão escola
3- Fábulas:
          Preparação: recorte fotos de animais de revistas;
          Peça que as crianças escolham 2 ou 3 animais; em seguida podem fazer uma pequena história com esses animais; corrigir o texto.
4- A palavra estranha:
          O orientador procura no dicionário uma palavra muito estranha, de difícil elucidação de sentido pelas crianças; ex: dacriorréia, pogonóforo , tubã, etc
          Depois pede que escrevam um pequeno texto em que apareça aquela palavra;quando todos acabarem,  as crianças lêem oralmente..
          Finalmente o orientador pega o dicionário e decifra o sentido  exato da palavra, o significado verdadeiro.
5- Salada ficção:
           Preparação :o professor lê ou conta vários contos de fadas e fábulas para as crianças durante o ano letivo;
          Depois de alguns meses, pede que as crianças inventem uma história misturando esses contos de fadas.
6- Listas ( ações) :
          O professor relaciona no quadro:
objetos / personagem/ ação/ lugar
em seguida preenche as listas com palavras ditadas pelas crianças sempre relacionadas entre si em cada uma das linhas; como atividade as crianças devem escolher uma das linhas para contar a história ali sugerida.
7-Listas: ( a qualidade das palavras)
          O professor pede que as crianças relacionem oralmente palavras :
feias / curtas/ compridas/ más/ gentis/ cor de rosa/ apagadas/ apimentadas/ etc.
e vai escrevendo no quadro negro as listas;
          Depois pede que as crianças escolham uma dessas palavras e façam um pequeno texto.
8- Listas ; ( binômio fantástico)
        O professor escreve no quadro duas listas de coisas ditadas pelas crianças; depois une aleatoriamente as palavras da primeira lista com as palavras da segunda lista, criando assim um binômio fantástico. Ex:
pirulito-poste
cama-avião
sorvete-camarão
etc.
Em seguida pede que escolham um dos binômios e façam um pequeno texto.
9- Listas: (prefixo arbitrário)
          O professor relaciona no quadro uma lista de prefixos; ex: bi, des, tri, micro, maxi, pro, pre, extra, contra, vice, trans, etc.
          Depois pede que as crianças ditem uma segunda lista dizendo nomes de coisas; em seguida une as duas listas criando palavras inusitadas.Ex:tripinico, bisapo, microsaudade,extraburro, desmochila, translixo, etc
          Devem então escolher uma das palavras e escrever um texto.
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          A oficina da palavra tem sua culminância no final do ano, quando a criança criará um livro com o texto escolhido por ela entre os que ela inventou durante o ano.



          

         

          Exposição dos livros e comemoração são apropriadas. As crianças podem fazer os convites. Vale a pena festejar.



Alunos da Escola Elisiário Matta (Município de Maricá) preparam a Oficina da Palavra / 2013
Pedagoga: Maria de Lourdes Germano
Projeto da Oficina e artista convidada: Angela Cacicedo

domingo, 4 de novembro de 2012

Teatro e teatrinho

          Parece que o Teatro de adultos (drama, comédia) não interessa diretamente às crianças.
          No entanto, o Teatro feito por adultos e direcionado ao público infantil é uma das melhores formas de enriquecer a experiência das crianças. Nele encontram-se expectativa, surpresa, poesia, bom humor, problemas e soluções na medida certa da compreensão infantil. O Teatro alimenta o mundo mágico de fantasia e de sonho. O Circo também continua sendo uma das melhores diversões.
          Porém, o teatrinho feito pelas próprias crianças trabalha a experiência direta, o que é muito gratificante para elas.
          Pode-se preceder esta atividade com um exercício de sensibilização, dramatização a escolher:

1- Jogo do boneco:
 Peça às crianças que imitem um boneco inflado que se esvazia; depois enche, depois esvazia, etc

2- Jogo do bastão:
Com o auxílio de um bastão, peça a uma criança que o utilize em alguma representação. As outras crianças devem adivinhar o que o bastão representa  (ex: espingarda, muleta, corneta, cassetete, etc,)

3- Jogo das profissões:
Peça que uma crianças imite com gestos uma profissão. As outras crianças devem adivinhar de que profissão se trata.

O teatrinho ( para crianças de 7 a 12 anos) prepara-se em etapas:
a- Elaboração dos personagens
b- Ficha dos personagens
c- Diálogos
d- Representação

                                                       Elaboração dos personagens
          Para teatro de fantoches utilizar meias coloridas com botões ou olhos de bichinhos de pelúcia, cabelos de lã e outros materiais. Ensiná-los a pregar os detalhes ou pintar com caneta olhos nariz e boca..
          Será representado sobre a mesa.
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          Para teatro de vara pedir que desenhem cada um seu personagem na cartolina, recorte em volta, copie o mesmo molde em outra cartolina, desenhe as costas do personagem. Colar frente e costas com uma vareta de churrasco no meio.
          Será representado atrás de um pano jogado sobre um bambu ou trave de madeira presos na extremidade.
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          Para teatro de sombras, pedir que desenhem cada um seu personagem na cartolina; recortar o contorno por dentro e colar papel celofane colorido nos espaços vazados. Cuidar para deixar lugar onde colar  uma haste de papelão ou vareta que sustente o personagem na vertical e a vareta na horizontal.
          Será representado numa caixa de papelão vazada no fundo, tipo tela de televisão, e com papel manteiga branco  no lugar da tela. Um foco de luz atrás.
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          Para teatro de livre criação apresentar diferentes materiais às crianças ( algodão, bombril, pano, papel dourado e prateado de embalagens, lã, barbante, e outros) e pedir que cada um elabore seu personagem, utilizando esses materiais,
          Será representado sobre a mesa.


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          Para teatro de figuras gigantes de Olinda encher uma bola de festa para ser o rosto, cortar um colarinho de cartolina para ser o pescoço; cobrir a bola e o colarinho juntos com pedaços de jornal em várias camadas; deixar secar; no dia seguinte cobrir com massa corrida, fazendo formato de olhos, nariz e boca; esperar secar e pintar com tinta plástica. Quando  bola esvaziar, encher com jornal, meter um cabo de vassoura; pregar os ombros em cruz; roupas de pano de acordo com o personagem. Encher luvas no lugar das mãos. Fazer um furo na cintura para que a criança enxergue quando se meter por baixo.
          Será representado ao ar livre.
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          Para teatro em que as próprias crianças se tornarão seus personagens, apresentar diferentes acessórios (chapéu, máscara, peruca, vestidos longos e curtos, tiara, bolsa , sandália, cachimbo, coroa, violão, cesta de flores e frutos de plástico, etc.) e deixar que elas próprias inventem seus personagens.
          Será representado sobre um tapete grande ou pequeno palco, caso haja disponível.

                                                 Ficha do personagem
         
          Na ficha as crianças podem escrever:
nome do personagem
idade
onde mora
o que come
o que faz
de que é feito
          Se o teatro se propuser a representar personagens de uma história lida ou contada anteriormente, então dispensa-se a ficha pessoal.


                                                          Diálogos
          Para facilitar a elaboração dos diálogos, o orientador pode escrevê-los, enquanto as crianças inventam, procurando sempre dar sequência lógica à história. Depois reler alto o que ficou acertado e separar as falas de cada criança.
          Todas as etapas são importantes; não tenha pressa; só passe à etapa seguinte quando todos tiverem terminado.

                                                        Representação
          Faça uma única representação como culminância. Permita que modifiquem as falas, se quiserem e termine assim que sentir que as crianças estão cansadas.

                                             Apresentação para público
          Pode ocorrer que as crianças estejam muito empolgadas e queiram apresentar o teatrinho para os pais. Nesse caso, permitir somente que os  pais e pessoas muito próximas estejam presentes.
Não convidar público e jamais cobrar apresentação.


Alunos do Curso Normal da Escola Elisiário Matta (Maricá) preparam a Oficina da Palavra e Personagens para Teatro / 2014

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Exercícios de sensibilização e jogos de criatividade

          Antes de iniciar atividade artística com crianças, convém fazer um exercício de sensibilização  a fim de torná-las mais calmas, atentas e concentradas. Faça apenas um a cada dia; trabalhe em grupo  numa mesa grande ou faça uma roda sentada no chão.

1- Passeio imaginário.
          Peça que a crianças fechem os olhos, relaxem os braços sobre as pernas, respirem fundo e depois soltem a respiração. Calmamente, vá descrevendo um passeio imaginário que passa por florestas cheias de  passarinhos, campos floridos, montanhas, mar,  os sol, passeio de barco, etc.
Enriqueça os detalhes e imagine o som da natureza.

2-Percepção sonora:
          Reúna alguns objetos sonoros como molho de chaves, sinos, apitos, chocalhos, rádio de pilha, e  bata na mesa com os nós dos dedos, etc . Peça que uma criança feche os olhos e  em seguida identifique o som emitido pelo objeto. Repita com todas as crianças.

3-Percepção  táctil das formas:
          Reserve uma sacola com objetos pequeninos de materiais e formas diferentes: caixa de fósforo, isqueiro, chave, chaveiro,  borracha, pilha, relógio, bonecos super heróis, bichinhos de plástico, etc.
Peça que cada criança ( de olhos fechados) retire da sacola o objeto e o identifique.

4-Percepção olfativa e paladar:
          Reserve em papel alumínio ou tubos de plástico alguns temperos como cravo, canela, salsa, coentro, orégano, hortelã,  sal, açúcar, etc, ( exceto pimenta). Peça a cada uma das crianças que identifique cheiro e sabor.

5- Sensibilização para as cores:
          Recorte de revistas faixas retangulares de diferentes cores. Espalhe sobre a mesa e peça que cada criança escolha uma cor; em seguida ela deve dizer o porque da escolha, o que esta cor representa, o que significa, o que lembra para ela. Deixe que se expresse livremente.

6- Adivinhação: o que é ?
          Uma criança imagina alguma coisa que esteja guardada dentro de sua mão fechada. Então as outras crianças começam a fazer perguntas sobre o objeto, e ela deve responder sim ou não, até que alguém acerte o nome do objeto imaginário. Será sua vez de esconder outra coisa na mão.

7- Linguagem dos gestos: o que estou fazendo?
          Uma criança faz um gesto ( ex: coçar a cabeça, bater palmas, matar mosquito, tomar água,nadar, etc,) e as outras crianças devem adivinhar o que significa a mímica.

8-Percepção da Arte:
          Reserve uma pasta com fotografias de obras de arte recortadas de revistas e jornais. Espalhe sobre a mesa e peça que cada criança imagine estar numa galeria de arte e vai comprar uma obra. Dê 5 minutos para elas refletirem. Em seguida cada criança deve dizer porque escolheu aquela obra, o que ela percebe, o que pode ver.

9-Seleção de imagens naturalistas, percepção da luz.
          Reserve canudos de papelão e papéis celofane de várias cores. Cubra uma das extremidades do canudo com o papel; cole. Deixe alguns canudos sem papel.
          Saia com as crianças nos arredores e peça que cada uma descreva o que está vendo. Vá corrigindo a linguagem oral. Esse exercício é excelente também para memorizar formas e  para preparar atividades de desenho e pintura.


10- Percepção de texturas:
          Recorte em revistas pequenas superfícies em relevo de diferentes coisas ( ex:  pêlo de animal, a superfície do pneu, couro, neve, pano, areia, plástico, palha, etc) sem que seja visível a forma completa da figura,  e cole sobre cartões de fundo branco.
          Espalhe os cartões virados para baixo sobre a mesa e peça que cada criança escolha um cartão, e vire. Depois pergunte a cada uma: Se você  fosse assim, seria o que? Exemplos de respostas: um gato, um pneu, uma bolsa, um sapato, etc.

11-Fantasia e ficção:
          Peça à criança que imagine estar olhando pelo buraco da fechadura, e responda: onde ela está? O que está vendo?  Quem está lá dentro?  O que está fazendo? Aproveite para corrigir a linguagem oral. Embora este exercícios seja semelhante ao exercício de número 9, não é a mesma coisa. Nesse caso a criança imagina a fechadura e descreve o  que sua imaginação inventa, isto é, não se trata de observar uma cena real, mas de inventar uma história,  uma ficção, totalmente inexistente, que a criança vai inventando  na hora.


12- Esforço de imaginação continuado:
          Peça que as crianças imaginem uma escada. Em seguida pergunte a cada uma: para onde vai a escada? Deixe-a seguir a narrativa até que se sinta satisfeita.

          Muito importante que haja ambiente de confiança, de respeito pela narrativa do outro, alegria de criar juntos, cumplicidade, acolhimento, solidariedade, compreensão.