sábado, 1 de dezembro de 2012

Arte efêmera

          O efêmero na arte liga-se a duas correntes de pensamento.
          Primeiro trata-se de um acontecimento fugaz ( interação, ação, performance feita no local) que contesta a perenidade do objeto artístico ( obra de arte feita para durar).
          A performance trabalha com metáforas, e tem um script ( uma elaboração). Ex: um grupo organiza-se dentro de um castelo para representar cenas relativas à Idade Média ( são  fatos históricos relativos aquele lugar). Outro grupo enche tonéis de água e sabão e lavam roupas na via pública - representam o povo limpando a nação da corrupção da classe política. Pilotos franceses desenham o rosto de Asterix em cores azul, branco e vermelho sobre o céu de Paris, etc....



          Já o happening não tem a priori, é o que acontecer na hora, a pessoa entende como quiser, não tem significado específico. Ex: um artista carrega nas costas uma macaca empalhada de biquíni vermelho e cocar indígena; ele dança com a macaca, brinca com ela, e começa a bater na cara da macaca; em seguida um outro artista pega uma maca, ambos deitam a macaca na maca, abrem a barriga, e começam a tirar coisas inusitadas de dentro; as pessoas olham e se surpreendem, uns riem,  outros protestam, cada um reage de uma maneira, participam e atuam junto com a dupla, e tudo vai sendo filmado; fotos e vídeos são os registros do happening. Neste caso há uma teatralização do corpo, que se propõe a  desestabilizar, surpreender, confundir mesmo...

          Quando o artista pinta o corpo de um modelo ou o seu próprio corpo para efeito de fazer nascer imagens surpreendentes na superfície da pele, também está realizando arte de curta duração.
          A segunda corrente liga-se à observação dos ciclos naturais onde reinam o efêmero, o transitório, onde tudo é submetido à degradação, que também é metamorfose. Ex: na primavera, um artista preenche o espaço entre dois grandes vidros com flores; as estações se sucedem, ele fotografa as variações de cores pelas quais passam as flores a fenecer. Outro artista preenche com sacos cheios de grãos de feijão um caixote de madeira, formando uma casa vegetal; os grãos nascem, crescem, a obra é transitória. Cristina Oiticica permite que suas pinturas fiquem expostas ao tempo, sofrendo assim transformações:
          Outras criações como escultura na areia, arranjos florais, riscos traçados  por trenós sobre a neve, sulcos profundos desenhados sobre a terra,  desenhos de fumaça duplicados simetricamente no computador, objetos que  ficam expostos ao tempo para degradação, todos têm parentesco com a arte efêmera, porque são elaborações conceituais de curta duração física. 
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          As crianças apreciam muito este tipo de atividade artística. Desenham ( sem colar) com diferentes grãos de arroz, feijão, milho , sementes, missangas, etc.; desenham com areia, com pó de café, serragem colorida, cascalho de aquário e bolinhas de papel sobre as  mesas cobertas de papel de cor neutra. Desenham com giz as sombras das outras crianças no chão, as sombras das árvores nos muros. Criam fantasias de papel  como os parangolés de Hélio Oiticica, e vivenciam suas criações com intensidade. No final destroem tudo e se sentem muito bem.



          São atividades que libertam de condicionamentos e tornam as crianças muito felizes.
Mas é preferível que façam parte de um grande projeto de tema aberto. Registros em filmes e fotos servem para exposição.
         

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