segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cinema e cineminha

         No princípio desenvolveu o cinema técnicas que colocavam as fotos em movimento com narrativa linear, à semelhança dos romances escritos até o fim do séc. XIX. Seguia prescrição de Aristóteles, que recomendava ao teatro grego ações com princípio, meio e fim; que a peça não fosse nem muito grande, nem muito pequena, mas a justa medida.
         Os filmes recriavam dramas e comédias, às vezes inspirados em livros editados. O cinema mudo começou em preto e branco, e seguiu com edição de som e tecnicolor. No cinema mudo era fundamental que o ator dominasse a técnica de fazer mímicas e pantominas. Charles Chaplin tornou-se o mais influente produtor, ator e roteirista desse cinema. Sabia ultrapassar a interpretação restrita da realidade e conduzia o espectador a vivenciar os mais variados sentimentos, instigava a fantasia e liberava a imaginação.
          No Brasil a companhia cinematográfica Atlântida produziu filmes de excelente qualidade, chanchadas que misturavam trejeitos da burguesia norte americana com gestualidade nacional, jeito malandro de ser, temas do cotidiano popular. Nesta época nasceram os musicais, que associavam intérpretes do radio e do cinema.
          Criação coletiva, indústria de exportação, o cinema foi a primeira tentativa de fazer arte destinada ao povo. Processo eficaz de influenciar corações e mentes, cuja análise acerca da sua atuação entre povos colonizados e fragilizados está apenas começando.
          A modernidade da segunda metade do séc. XX dá ao cinema técnicas avançadas e  transforma a percepção do tempo, a narrativa linear passa a ser pontual. Então a cena pode parar, voltar atrás, repetir-se em imagens de recordações, avançar para visões do futuro; acontecimentos simultâneos e paralelos podem ser mostrados no mesmo espaço da tela. O tempo perde a continuidade e a direção.
          O desenho animado sofistica suas técnicas e usa recursos de grandes produções.

          O cinema de arte recorre a imagens simbólicas de beleza e suavidade: flores que se abrem sugerem renascimento de antigas relações; cores vermelhas são eróticas; folhas amarelecidas tombam em sinal do tempo que passou; a chuva que cai lentamente sobre uma estátua prenuncia o sofrimento; a travessia de um portal pode representar encontro em outra dimensão...
          Nos anos 90, pintores e  artistas plásticos tornam-se temas de produções cinematográficas. Documentários revelam a vida e os processos criadores de Rodin, Camille Claudel, Picasso, Basquiat, Warhol, Rivera, Pollock e outros.
          No séc. XXI o cinema sai da tela e ganha as ruas na forma de video- instalações. Dialogam com a arquitetura das cidades, buscam uma ressignificação para a paisagem urbana, cenas inesperadas em locais determinados previamente.
          Cenas de uma cidade podem ser projetadas sobre muros de tijolinhos de outra cidade há milhares de quilômetros de distância: gente que passa apressada, homens trabalhando, garotos grafitando muros, etc.
          A câmara cinematográfica é uma lente de aumento invisível, que recolhe situações díspares e contraditórias, estranhas e inusitadas como   fantasmas vindos de um  caleidoscópio irreverente,  próprio da diversidade múltipla e de  temas que são a própria vida.
          Regina Silveira projeta video- instalação de "Passeio Selvagem" em Sevilha. São imagens de pegadas verdes e fluorescentes de touros que se deslocam eletronicamente sobre a fachada histórica de um prédio em Sevilha. Remetem à  ancestral cultura espanhola quando  refaz a experiência de contato homem e animal em disparada....Despertam a atenção e modificam a visão do povo sevilhano. Em São Paulo também fez projeções sobre os prédios.


----------------------------------------------------------------------------------------------
          Crianças podem ser estimuladas a filmar as manias  de seus gatos e cães, a  vovó costurando, festa de aniversário, um passeio divertido, peixes de aquários, o teatrinho da escola,  etc.
          O uso de livros infantis de autores consagrados pode inspirar bons roteiros onde  o professor trabalha a linguagem oral e escrita.
          O filme "Jacquot de Nantes" conta a infância e a adolescência do cineasta e roteirista Jacques Demy (1931-1990), e mostra noções de cinema com produção de marionetes, desenho animado e desenvolvimento de roteiro, de modo que as crianças podem perceber muito bem todos os processos criativos.

         

Nenhum comentário:

Postar um comentário