quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Visita ao Museu da Vida Romântica de Paris

          Ladeira abaixo da conhecida Sacre Coeur de Paris, em terreno que pertenceu às abadessas de Montmartre, encontra- se o museu da vida romântica da cidade, rue Chaptal nº 16.
          Edifício estilo italiano, pertenceu ao pintor francês de origem holandesa Ary Scheffer. Ali costumava reunir-se com os amigos, um grupo seleto da sociedade artística e literária dos anos 1830 a 1848: George Sand, Chopin, Delacroix, Rossini, Liszt, Pauline Viardot, Thiers, Dickens, etc.
          No primeiro andar, na antecâmara,encontra-se  o busto em mármore de Ary Scheffer, feito por Jules Cavelier em 1859.

         
          Num  salão  estão expostas as jóias da família da escritora Amandine Aurore Lucile Dupin, que tomou o pseudônimo de George Sand. São jóias que apesar de não serem caras, têm  valor sentimental.
          Noutro salão, sobre a lareira,  a pintura a óleo de Auguste Charpentier retrata a escritora George Sand de frente, a meio corpo, de roupa escura, cabelos soltos e apanhados ligeiramente num dos lados por um arranjo de flores.



 A decoração dos móveis, os objetos de arte que pertenceram à sua família completam o ambiente romãntico.
          Um desenho (1844) feito pelo filho da escritora, Maurice Sand ( que foi o único aluno de Delacroix) ilustra o romance de sua mãe " O Pântano do Diabo".
Etna
          História cheia de ternura do camponês Germain, que depois de viúvo, parte de sua residência a fim de encontrar uma possível esposa para ajudá-lo a criar seus filhos. Com ele vai uma jovem em busca de trabalho num fazenda próxima. O pântano com neblina, os espectros das noite, e a magia do lugar contribuem para as confidências, e Germain acaba por apaixonar-se por Marie. No  desenho de Maurice o pântano tem grande quantidade de árvores e raízes que refletem no charco escuro.
          No salãozinho azul encontra-se uma aquarela feita por George Sand na técnica dendrita. Trata- se de depositar a tinta com o pincel sobre o papel, e em seguida pressioná-lo enquanto está úmido sobre uma folha de papel bristol ( impermeável). Nas suas  palavras : " Esta pressão produz  nervuras às vezes curiosas. Minha imaginação contribui, e  nelas vejo bosques, selvas ou lagos, e acentúo as vagas formas produzidas ao acaso".
          A aquarela em exposição é uma paisagem de céu nublado acizentado claro, e destaca-se das montanhas em tom mais escuro, que encontram-se no horizonte em altura média. Um riacho manso serpenteia entre folhagens e gramas rasteiras. Dois arbustos de copas abundantes, à esquerda, desafiam o precipitar das águas, e fazem eco às  duas  figuras humanas pequeninas, ao lado de um cãozinho, que apreciam a paisagem à distância.
          O espírito romântico,  misterioso, saudosista está em todo o museu, inclusive no molde da mão esquerda de Chopin, realizado em 1849 pelo escultor Auguste Clésinger, genro da escritora.
          No segundo andar encontram-se os famosos retratos da família Scheffer-Renan, e o salão dos Orleans. Ary Scheffer foi professor de desenho dos filhos do duque de Orleans, o futuro Louis- Philippe, e estabeleceu amizade com a família real. Por conta disso, pintou em 1844 o retrato da princesa de Joinville, em solteira Dona Francisca de Bragança (irmã de D. Pedro II,  imperador do Brasil), que casou-se com François, terceiro filho do mesmo Louis- Philippe. Nesse retrato em exposição, ela usa   um vestido acetinado escuro, repousa uma das mãos sobre o espaldar de uma poltrona e a outra no colo. Porta  faixa e insígnias condizentes com sua posição. Outra versão do mesmo retrato encontra-se no Museu Imperial de Petrópolis, no Brasil, em formato menor.
          Vale a pena visitar esse casarão e tomar chá no jardim entre rosas e lilazes, reviver um tempo  que não volta mais....

        
   

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