Mas, se nesse período mostrar interesse em seguir carreira nas artes visuais, precisa estar ciente da condição do artista criador na atualidade.
Hoje a beleza está em tudo: nas embalagens, cuidados com o corpo, decoração, restauração de imagens, design, fotografia, fotomontagem, história em quadrinhos, desenho animado, grafite, moda, publicidade, pratos artísticos ( comida à Miró), carpintaria, etc. O jovem pode escolher seguir uma dessas profissões, dedicando algum tempo para suas criações pessoais, e tanto melhor, mais vale ser um artesão contente de seu trabalho do que um pintor inseguro, sempre à espera de aplauso; para isso deve procurar uma escola especializada.
Também pode tornar-se professor e terá satisfação em orientar as atividades dos alunos ao mesmo tempo em que desenvolve seu próprio projeto. Assim fizeram mestres como Guignard, Aluísio Carvão e tantos outros.
Mas se o jovem tiver maiores ambições, como a de posicionar-se como artista plástico, esteja consciente de que:
- vai longe o tempo em que pintores de vanguarda esperavam a opinião dos críticos independentes para terem suas obras valorizadas.
- hoje (na maioria dos casos) o artista iniciante paga a sua própria promoção na mídia, ou é colocado em rede ( de acordo com os interesses dos museus, dos assessores de imprensa, dos críticos da rede, dos jornalistas, dos experts, viajantes e comerciantes e marchands) e ocupa espaços pré- estabelecidos com suas obras. A mídia garante o sucesso do empreendimento.
- o artista em rede não tem a liberdade que teve Picasso de mudar seu estilo quando bem quisesse. E, se o fizer, corre o risco de ficar fora do sistema.
- o sistema é fechado, e o artista- produtor é um SIGNO a ser transferido de um país a outro, numa circularidade de produção e de consumo da própria rede; o público ( cidadãos comuns) paga os ingressos, enquanto o museu promove a venda de camisetas, souvenirs, livros, DVD, etc.com a marca da exposição (evento).
- nada está ao acaso, e além de manter visibilidade na mídia, precisa o artista iniciante manter uma série de relações.
- se for um artista da land art, precisa fazer idas e vindas para obter autorização, acordos com proprietários dos terrenos, contratos com empresas, montagem da operação, patrocínio, e divulgação na mídia; inclui a comercialização de livros e documentos do projeto.
- igualmente o artista de performances e happenings, sendo que nesse caso só o registro testemunha a obra.
- se for artista de video- instalação poderá projetar imagens que conduzam às experiências de diversão, perplexidade, fascinação, rejeição, horror, estranhamento, sentimentalismo, tudo cai muito bem quando a Arte é o efeito produzido.
- na arte contemporânea tudo está exposto ( no orkut, na internet), mas nada está claro; as transparências se superpõem, de modo que engendram também artifícios de ambiguidades construídas, espaços diáfanos, nevoeiros para a compreensão e o olhar.
Para maiores informações ler: CAUQUELIN, Anne "Arte Contemporânea: uma introdução" S.P. Martins, 2005.
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