terça-feira, 20 de novembro de 2012

Arte na adolescência

          O jovem que participar constantemente de atividades artísticas, de debates e reflexões sobre a natureza de uma obra observada ( sua e dos outros) estará sempre pronto a construir uma visão crítica bastante saudável, e poderá usufruir melhor da produção artística de diferentes culturas pelo mundo.
          Mas, se nesse período mostrar interesse em seguir carreira nas artes visuais, precisa estar ciente da condição do artista criador na atualidade.
          Hoje a beleza está em tudo: nas embalagens, cuidados com o corpo, decoração, restauração de imagens, design, fotografia, fotomontagem, história em quadrinhos, desenho animado, grafite,  moda, publicidade, pratos artísticos ( comida à Miró), carpintaria, etc. O jovem pode escolher seguir uma dessas profissões, dedicando algum tempo para suas criações pessoais, e tanto melhor, mais vale ser um artesão contente de seu trabalho do que um pintor inseguro, sempre à espera de aplauso; para isso deve procurar uma escola especializada.
          Também pode tornar-se professor e terá satisfação em orientar as atividades dos alunos ao mesmo tempo em que desenvolve seu próprio projeto. Assim fizeram mestres como Guignard, Aluísio Carvão e tantos outros.
          Mas se o jovem tiver maiores ambições, como a de posicionar-se como artista plástico, esteja consciente de que:
  • vai longe o tempo em que pintores de vanguarda esperavam a opinião dos críticos independentes  para terem suas obras valorizadas.
  • hoje  (na maioria dos casos) o artista  iniciante paga a sua própria promoção na mídia, ou é colocado em rede ( de acordo com os interesses dos museus, dos assessores de imprensa, dos críticos da rede, dos jornalistas, dos experts, viajantes e comerciantes e marchands) e ocupa espaços pré- estabelecidos com suas obras. A mídia garante o sucesso do empreendimento.
  • o artista em rede não tem a liberdade que teve Picasso de mudar seu estilo quando bem quisesse. E, se o fizer, corre o risco de ficar fora do sistema.
  • o sistema é fechado, e o artista- produtor é um SIGNO a ser transferido de um país a outro, numa circularidade de produção e de consumo da própria rede;   o público ( cidadãos comuns) paga os ingressos, enquanto o museu promove a venda de camisetas, souvenirs, livros, DVD, etc.com a marca da exposição (evento).
  • nada está ao acaso, e além de manter visibilidade na mídia, precisa o artista iniciante manter uma série de relações.
  • se for um artista da land art, precisa fazer idas e vindas para obter autorização, acordos com proprietários dos terrenos, contratos com empresas, montagem da operação, patrocínio, e divulgação na mídia; inclui a comercialização de livros e documentos do projeto.
  • igualmente o artista de performances e happenings, sendo que nesse caso só o registro testemunha a obra.
  •  se for artista de video- instalação poderá projetar imagens que conduzam às experiências de diversão, perplexidade, fascinação, rejeição, horror, estranhamento, sentimentalismo, tudo cai muito bem quando a Arte é o efeito produzido. 
  • na arte contemporânea tudo está exposto ( no orkut, na internet), mas nada está claro; as transparências se superpõem, de modo que engendram também artifícios de ambiguidades construídas, espaços diáfanos, nevoeiros para a compreensão e o olhar.
          Com tanta indeterminação, o jovem iniciante em Arte precisa ser muito inteligente para superar todos esses obstáculos.  Poderá satisfazer a  si mesmo e a todos os demais, se incorporar a máxima de Andy Warhol( séc. XX): "Ganhar dinheiro é uma arte, trabalhar é uma arte, e fazer bons negócios é a melhor das artes". E refletir sobre o que disse o filósofo  Sócrates ( séc.V ac.):" Conhece-te a ti mesmo"...e que saiba muito bem até onde pode ir.
          Para maiores informações  ler: CAUQUELIN, Anne "Arte Contemporânea: uma introdução" S.P. Martins, 2005.

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